Mais de três décadas atrás, há temas da histórica eleição de 1992 ainda presentes em Joinville, embora com nova roupagem, até porque houve avanços, em maior ou menor escala. Houve questões que em nada evoluíram, outras desapareceram e também surgiram novas demandas. De certa forma, os desafios continuam sendo atender uma cidade em permanente crescimento – nesse intervalo de 32 anos, Joinville quase dobrou de tamanho, passando de 350 mil para mais de 650 mil moradores. A eleição de 1992 teve sete candidatos e foi vencida por Wittich Freitag (PFL) no segundo turno, contra Luiz Henrique da Silveira (PMDB). Foi a primeira vez em que uma eleição municipal foi decidida em segundo turno na cidade.

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Na infraestrutura, os acessos pela BR-101, pavimentação e aberturas de vias estavam entre as propostas dos candidatos. A rodovia estava perto de começar a duplicação e a grande questão era a cobrança de mais viadutos, com melhorias nos acessos. As obras dos viadutos foram contratadas pelo governo do Estado e iniciadas no acesso da Quinze de Novembro. Mas a duplicação efetivamente só começaria em 1997, pelo governo federal.

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A ampliação da 101 também era aguardada para melhorias nos acessos – a Ottokar Doerffel e o acesso à Pirabeiraba tinham acabado de ganhar rotatórias. Curiosamente, o aumento da capacidade da rodovia, com viadutos nas vias marginais, é tema atual por causa da prorrogação do contrato de concessão, ainda que não seja tema da campanha eleitoral.

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Elevado favorito

Um viaduto na avenida Getúlio Vargas, sobre a ferrovia, ocupava o espaço que o elevado da rua Ottokar Doerffel com a continuação da Marquês de Olinda tem hoje, de “favorito” quando obras do tipo são citadas. Até emenda foi apresentada ao orçamento da União. Nenhum dos dois elevados saiu ou tem previsão de sair – o atual governo projetou rotatória para a Ottokar. A “solução” para os conflitos no trânsito foi o contorno ferroviário, um desvio na ferrovia, fora do perímetro urbano. As obras começaram em 2009 e pararam em 2011, sem previsão de retomada. Os trens continuam passando da mesma forma do que em 1992.

A pavimentação ainda não havia alcançado a marca de 50% da malha viária no começo dos anos 90 e o debate era sobre como asfaltar pelo menos as ruas das linhas de ônibus. O patamar de 50% foi atingido somente em 2005 e ainda hoje Joinville não tem revestimento em um terço das ruas (são 600 km sem asfalto). E ainda há linhas de ônibus que cruzam ruas de saibro (são 82 km, em levantamento do ano passado). No transporte coletivo, a maior integração, com pagamento de uma só passagem, era proposta mais presente do que a licitação.

Abertura de avenidas

Uma questão abordada na disputa em 1992 era a necessidade de urbanização de ocupações, principalmente em áreas de mangue. O saneamento básico era, em boa parte, uma busca sobre instalação de tubos para fechar valas a céu aberto, para usar expressão da época. Ainda na infraestrutura, a abertura de avenidas era pauta no início dos anos 90. Na lista, estavam Marquês de Olinda, Paulo Schroeder e São Paulo. A duplicação da Dona Francisca e a Beira Mangue, que não saíram até hoje, também faziam parte dos debates de 1992.

Bala de prata

A crise econômica e política do governo Collor fez parte da eleição de Joinville.  A “bala de prata” contra a inflação falhou, ainda que disparada mais de uma vez e a abertura do processo de impeachment, com o afastamento do presidente, ocorreu quatro dias antes do primeiro turno das eleições municipais. Um dos principais debates era como arrumar trabalho para os “40 mil desempregados” da cidade. Não foi apontada a origem de tal cálculo, o IBGE não fazia a medição em Joinville (como não faz até hoje, pelo menos de forma específica), mas os “40 mil” continuaram como referência até o início dos anos 2000.

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Novo distrito

Naquela eleição, a defesa era de programas de incentivo para atrair empresas e, assim, ampliar a oferta de emprego. Havia divergências se Joinville precisava de um novo distrito no Sul ou somente mudar o Plano Diretor para permitir mais empresas em outros bairros, sem um espaço específico. Com nuances, a discussão se mantém até hoje. Um debate tão presente em 1992 que já sumiu é sobre o IPTU – naquela eleição, houve defesa de “valor simbólico” do tributo, por Freitag. Na saúde, a instalação de prontos-socorros nos bairros e a construção de um hospital infantil estavam entre os principais temas.