Na multidão de candidatos (pelo menos para o padrão de uma eleição) a prefeito em Joinville, Adriano Silva não foi o único a defender “mudança”. Todos os concorrentes falavam em novos tempos, inclusive o candidato governista, Fernando Krelling, eliminado no primeiro turno.
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Adriano também não foi o único a disputar a eleição para prefeito pela primeira vez (dos 15 concorrentes, só Darci de Matos havia passado pela experiência). O candidato do Novo trouxe propostas diferentes, mas isso seus adversários também o fizeram. O que levou então Adriano a se diferenciar e conquistar a eleição? A resposta definitiva jamais será possível encontrar, mas há uma série de fatores possíveis.
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Adriano não só se apresentou como mudança, mas também como novidade, ainda que tenha usada uma expressão já conhecida, a “política diferente” contra a “política velha”. A maioria dos concorrentes disputava a eleição de prefeito pela primeira vez, mas já tinha alguma atuação na política ou administração pública. O candidato do Novo se mostrou como novidade, jovem e de fácil comunicação, mas longe de se apresentar como outsider ou anti-sistema — as atuações como empresário e nos bombeiros voluntários, uma instituição tradicional de Joinville, foi lembrada durante a campanha.
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No primeiro turno, Adriano também se beneficiou do desgaste do governo Udo, o que complicou a candidatura do MDB. No segundo turno, a rejeição de parte do eleitorado ao candidato do PSD colaborou com o NOVO. Darci e Fernando largaram com vantagem, até pela formação das maiores alianças, mas o NOVO foi o mais eficiente em mostrar que havia opção aos alegados favoritos. Se alguém olhar os mapas eleitorais, notará que os bairros mais centrais de Joinville, que garantiram as vitórias de Udo em 2012 e 2016, migraram para Adriano.
A pauta bolsonarista, apontada ao final de 2018 como o grande tema de 2020 em Joinville por causa da espetacular vitória de Bolsonaro na cidade, não teve relevância. Adriano só falou sobre o presidente quando questionado. Se os candidatos mais alinhados a Bolsonaro não decolaram, os nomes mais ligados à esquerda e centro-esquerda também tiveram desempenho inexpressivo, com quatro nomes somando menos de 7% dos votos. Adriano, longe de se aproximar dos extremos políticos, também se beneficiou desse comportamento do eleitorado.
A militância do Novo deu sua contribuição. Com a atuação em redes sociais e também nas ruas, principalmente em pontos estratégicos da cidade, se empenhou na busca do voto, ainda que não formasse um grupo numeroso. Foi mais empenho do que aliados de outras candidaturas que limitavam a participação em carreatas.
Portanto, há um conjunto de fatores possíveis para tentar explicar por que Adriano foi o vencedor. A série de circunstâncias teve sua carga de imprevisibilidade porque o comportamento do eleitorado nem sempre pode ser previsto e tem oscilado ao longo das campanhas. Adriano acreditou que tinha chances mesmo quando o cenário não parecia favorável e chegou lá.
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