A ousada “obra do século” acabou ficando no papel em Joinville. A alcunha foi a forma encontrada pelo prefeito Udo Döhler para se referir ao empreendimento a ser erguido na área central da cidade, em inédita parceria entre poder público e iniciativa privada. Mas não foi adiante, nem há prazo para se transformar em realidade.
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A área escolhida foi o terreno do governo do Estado na rua Nove de Março, com acesso também pela Visconde de Taunay. No final dos anos 1990, foi construída uma agência do Besc no local, com operação também drive-thru. Até hoje, uma das matrículas dos terrenos está no nome do banco, mas seria caso apenas de atualização cadastral, segundo o governo do Estado. A construção foi sede da Agência de Desenvolvimento Regional e hoje abriga setores do governo do Estado. A maior parte da área está desocupada.
Em 2017, surgiu a proposta de construção de um teatro, a ser batizado de Luiz Henrique da Silveira. A ideia nasceu no Bolshoi, inclusive coube à direção da escola apresentar a ideia ao governador Raimundo Colombo. O terreno seria cedido a investidor privado, encarregado da construção do espaço cultural. Em contrapartida, o empreendedor teria direito a construir e explorar torres residenciais e comerciais. Nessa parceria, não haveria custo para o poder público, bastaria ceder o terreno. Até já tinha investidor interessado.
No ano seguinte, a prefeitura de Joinville passou a participar do projeto e também procurou o governo do Estado. Colombo teria elogiado a ideia, mas deixou o cargo para concorrer ao Senado sem dar a largada para a proposta. O sucessor, Eduardo Pinho Moreira, chegou a se mostrar mais empenhado, com garantia de abertura de procedimento de manifestação de interesse (PMI) ainda no seu governo.
POR PARCERIA
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A PMI é uma das formas de buscar investidores para empreendimentos em conjunto com a administração pública. Até protocolo de intenção foi assinado na prefeitura de Joinville. Mas não teve PMI e o empreendimento de R$ 180 milhões ficou engavetado. Cada uma das torres teria 22 andares e no teatro caberiam mil pessoas.
No início do ano passado, já no governo Carlos Moisés, o projeto foi reapresentado pelo prefeito de Joinville ao Estado. Também foi abordada a necessidade de uma PMI. Só que depois surgir a alegação de que o Estado estava fazendo um levantamento sobre os imóveis estaduais e só depois da tarefa concluída poderia examinar questões envolvendo as áreas. A Udo Döhler restou se queixar da “falta de vontade política”. A obra do século continua na prancheta.