O acúmulo de lama formado nas últimas décadas pelo fechamento do canal do Linguado foi um dos temas discutidos na audiência pública realizada pela Câmara de Joinville na noite de segunda-feira. A análise faz parte de estudo iniciado no ano passado pela Câmara Técnica Canal do Linguado, do Grupo Pró-Babitonga (GPB). O levantamento sobre os sedimentos, cujos resultados completos serão divulgados nos próximos meses, será usado como subsídio para a decisão sobre o futuro do aterro concluído em 1935 – se reabertura, manutenção ou outra definição.
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O estudo é reconstrução ambiental, com análise da formação dos sedimentos. A medição apontou profundidade máxima de 3,8 metros da camada de sedimentos formada pelo assoreamento – a verificação foi feita em momento de maré baixa. Cartas náuticas do passado já apontavam profundidade de até quatro metros no canal. O acúmulo do lodo é observado principalmente do lado esquerdo do aterro, no sentido em direção a São Francisco do Sul. Nos sedimentos do assoreamento, há matéria orgânica e inorgânica, como argila e silte (fragmentos finos de rocha), entre outros materiais. Abaixo dessa camada, está a areia.
O estudo sobre os sedimentos também apurou quais materiais estão depositados no local do assoreamento e em quais momentos chegaram até ali (datação). Por meio de balsa, com uso de tubos, foi feita a medição e a coleta dos materiais. A apuração foi feita em outros pontos da Baía Babitonga. O andamento dos estudos foi abordado pelo professor Claudio Tureck, coordenador da câmara técnica do Linguado no GPB. O procurador do Ministério Público Federal, Tiago Gutierrez, também participou da audiência pública. Mais estudos sobre o Linguado deverão ser contratados.
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AÇÃO DE 2001
O Ministério Público Federal entrou com ação em 2001 com pedido de estudos sobre reabertura do Linguado. Naquele momento, as análises iniciais para a duplicação da BR-280 estavam em andamento. Os estudos ambientais apontaram para a viabilidade de remoção de segmento de 75 metros do canal Sul, um dos trechos aterrados. No entanto, em processo que chegou até ao STF, a ação foi concluída sem determinação de remoção do aterro. Os estudos atuais – há necessidade de mais levantamentos – têm que objetivo examinar com mais detalhes as condições atuais do Linguado e os impactos da reabertura ou da permanência do aterro.
Em relação à duplicação do BR-280, não há decisão sobre o que será feito no canal do Linguado. O DNIT conta com projeto básico de ponte e, em 2019, solicitou avaliação do Ibama sobre a possibilidade de alargar o aterro para novas pistas, uma alternativa de menor custo. A solicitação continua em análise.
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