No discurso de comemoração da vitória, na noite de domingo, Adriano Silva não resistiu à ironia: “Tem gente que veio para cá e nos disse que iria dar calor. Não senti calor, cadê o calor?”, alfinetou o prefeito reeleito com quase 80% dos votos. Adriano não citou nomes, nem mais pistas do que estava falando. Mas talvez nem precisasse. Em março, o governador Jorginho Mello prometeu “calor” em Adriano na campanha eleitoral, além de citar eleição como “tempo de guerra”. Na sequência, Jorginho disse estranhar a repercussão, apontando suas declarações como “normais” em uma disputa eleitoral e que estava “tudo bem” na relação com o prefeito. Mas a ironia de Adriano no domingo foi mais uma comprovação do distanciamento político entre prefeito e governador. Há mais exemplos.
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Na sua primeira pergunta no debate da NSC, na quinta-feira, Adriano quis saber de Sargento Lima qual seria a fonte de recursos para as obras prometidas pelo candidato do PL, lembrando que o atual governador “acabou com o Plano 1000”. O questionamento era de forma cobrar de Lima a informação de onde viria o dinheiro, mas também, evidentemente, dar uma cutucada em Jorginho Mello. Lima respondeu que o Plano 1000 acabou quando Carlos Moisés não foi reeleito. Mas o pano de fundo da pergunta era uma crítica indireta ao governador. Há dois anos, a relação começava de forma diferente.
Como foi a comemoração de Adriano
Em 2022, Adriano ligou para Jorginho logo após o encerramento da apuração do primeiro turno para manifestar apoio, situação de certa forma facilitada porque o adversário do candidato do PL no segundo turno era um petista, Décio Lima. Em março do ano passado, o símbolo da parceria entre o prefeito e governador em início de mandato foi a assinatura do convênio de R$ 32 milhões do Estado com a prefeitura, para ajudar na folha do Hospital São José – só que, mais tarde, o repasse seria motivo de divergência.
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A relação entre Adriano e Jorginho continuou amistosa mesmo com as turbulências na Câmara de Vereadores, onde, em julho, o PL votou a favor de uma representação contra o prefeito por alegado descumprimento de lei municipal dos radares (obrigação de contar com mostradores de velocidade em todos os equipamentos). A denúncia foi arquivada.
Mas a coisa começou a desandar no segundo semestre do ano passado e início de 2024. E foi por causa de divergências sobre o convênio do Hospital São José. O governo do Estado alegou que as prestações de contas tinham pendências e a prefeitura se queixou da burocracia. O repasse que era para ter sido concluído em fevereiro ainda tem duas parcelas de R$ 4 milhões a serem transferidas, por conta do imbróglio da prestação de contas.
Mas antes mesmo do episódio do convênio ter vindo a público, o Novo já tinha descartado aliança com o PL – o que veio a público foi que o Adriano não aceitou ceder a vaga da vice aos liberais. Além disso, o Novo conquistou o apoio do PSD de João Rodrigues, em aliança confirmada nas convenções. Com o estremecimento na relação com o governo do Estado, Adriano se sentiu à vontade para lembrar que o repasse para o Hospital São José era para ter sido maior, além de praticamente cessarem os até então insistentes elogios ao governador. Aí foi a vez de Jorginho falar em “calor” e “eleição na terra, é tempo de guerra”. No domingo, foi a vez de Adriano responder.
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