Na entrevista concedida ao AN, Udo Döhler voltou a ser queixar da falta de diálogo do governo do Estado com as prefeituras, mais uma vez com queixas em relação ao transporte coletivo, devido à impossibilidade de flexibilização da suspensão. “O Estado não ouve ninguém. Acontece que as pessoas não moram só na capital do estado, elas moram nas cidades”, alegou o prefeito de Joinville”, reclamou Udo, citando até a possibilidade de a prefeitura entrar na disputa judicial pela volta dos ônibus. Mas Udo não passou disso: o descontentamento não chega a provocar o enfrentamento.

Continua depois da publicidade

Desde o início da pandemia, o prefeito vem defendendo que maior autonomia aos municípios, Joinville chegou a estudar se havia obrigação legal de acompanhar os decretos estaduais na íntegra (a conclusão foi de que sim), mas Udo não chegou – ou pelo tentar, como outros prefeitos fizeram – a adotar outras medidas em Joinville. O prefeito, com a alegação de que os municípios não estavam sendo ouvidos, não teve contato com o governador Carlos Moisés no meio à pandemia.

As queixas em relação ao governo estão registradas, mas sem efeito prático porque não foram acompanhadas de outras ações. O episódio também selou o afastamento de Udo em relação ao governo Moisés, mas, dada a gravidade das consequências do coronavírus, não se trata de situação tão relevante assim.

Continua depois da publicidade

NA ECONOMIA

Na avaliação dos impactos econômicos, Udo adota tom realista porque não há realmente como ser otimista, nem esperar que ajuda dos governos federal ou estadual possa resolver tudo. A queda na arrecadação já está ocorrendo e há o risco de Joinville perder 25 mil empregos, o dobro do ocorrido na crise de 2015 e 2016, como o próprio prefeito observa na entrevista. Também é registrado que a administração municipal não tem muito o que fazer. “É claro que se a Prefeitura pudesse abrir mão dos impostos do ISS e do ITBI, estaria ajudando a atividade econômica, mas teria que reduzir o salário do servidor para a terça parte”.

Na entrevista, o prefeito deixa uma pista sobre a possibilidade a discussão sobre a ampliação da contribuição previdenciária dos servidores de 11% para 14%. A própria prefeitura dizia que era obrigada a fazer a elevação do índice para acompanhar a reforma da Previdência, sob risco de sofrer penalidades, enviou o projeto à Câmara, mas a tramitação foi suspensa após a pressão dos servidores. Agora, pelo jeito, o tema deve voltar.

FUTURO DA PANDEMIA

O otimismo desaparecido em questões econômicas ressurge nas expectativas sobre a evolução da pandemia em Joinville: depois de alegar que a cidade se preparou de forma adequada, Udo demonstra confiança positiva. “Como maio é um mês importante, nós achamos que depois de maio essa curva se acomoda, tudo indica que nós provavelmente não teremos problemas tão agudos quanto os maiores centros urbanos, como São Paulo, Rio de Janeiro ou Manaus”.