O fim das alianças na disputa para vereador, a convicção na força das redes sociais e o avanço da direita estão entre os motivos que estão levando um número elevado de interessados em concorrer a prefeito em Joinville nas eleições 2020, em fenômeno que se repete em outras cidades. Nem os impactos econômicos da pandemia assustam.

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O prazo das convenções ainda está em andamento, não é conhecido, portanto, o número final de candidatos; mas é bem provável a ocorrência de recorde de concorrentes, superando a eleição de 1988, quando foram nove nomes (maior número desde o fim do bipartidarismo). Em novembro, tudo indica que as urnas terão uma lista maior de opções para prefeito. Abaixo, uma lista de possíveis motivos para o crescimento de pretendentes em Joinville.

Fim das alianças na disputa para vereador

Em 2020, são permitidas coligações entre partidos apenas para a disputa para prefeito. Para a eleição de vereador, as legendas não podem mais se aliar, em restrição inédita em eleição municipal. Antes, havia candidatos a vereador de determinado partido que defendiam a candidatura a prefeito de outra legenda de olho na aliança na eleição para a Câmara: a aritmética era feita e esses candidatos se viam com mais chances em coligação, ainda que tivessem de abrir mão do candidato próprio a prefeito. Agora, não há mais essa pressão, inclusive com maior incentivo dos pretendentes à Câmara ao candidato próprio a prefeito.

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Força das redes

A formação de alianças era motivada principalmente pela busca de maior tempo de rádio e TV para a propaganda. Essa batalha se mantém em 2020, mas há candidatos mais focados nas redes sociais, sem atribuir tanto peso ao horário eleitoral. A eleição do presidente Bolsonaro é citada como exemplo, ainda que a vitória na eleição presidencial tenha sido motivada muito mais pela mensagem do que pela distribuição. Mas tem muita gente convencida que o meio já é a mensagem, para repetir uma tese muito conhecida por aí.

O avanço da direita

Nas últimas eleições municipais em Joinville, estiverem presentes candidaturas escancaradamente identificadas com a esquerda, em diferentes gradações. Isso vai se repetir em 2020. Mas com a vitória de Bolsonaro, agora será a vez de um grupo de candidatos se apresentarem como nomes de direita, também em graus variados, em mais um componente para aumentar o número de concorrentes.

A mudança

Em uma eleição sem candidato a reeleição, o discurso de “renovação” e “mudança” sempre é reforçado. Até porque quem é governista. Esta será a segunda eleição de Joinville, desde que foi permitido o segundo mandato consecutivo no Executivo, em que não há candidato à reeleição – a outra foi em 2008. Tal cenário, aliado à descrença com a política “tradicional”, incentiva o pessoal “que não é político” a concorrer. Nesta eleição, é provável que apenas um dos candidatos já tenha concorrido a prefeito anteriormente.