As promessas de redução de cargos comissionados na prefeitura de Joinville se transformaram em um dos principais motes das eleições 2020 na cidade, ainda que o impacto financeiro não seja expressivo e, por si só, a medida não ateste eficiência na administração pública. Com 505 postos de confiança, a prefeitura de Joinville evidentemente tem margem para cortes, mas não é só dessa necessária diminuição que virão todos os recursos para as demais propostas.
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As despesas com pessoal em Joinville estão no patamar de R$ 1 bilhão por ano, com encargos e outras despesas. Como já mostrado, os comissionados ficam com uma fatia de 5,94% – ou seja, mesmo o corte pela metade, o impacto não chega a 3% da folha (na prática, será menor ainda, afinal, há servidores efetivos ocupando parte dos cargos comissionados que vão continuar na prefeitura).
Claro que não é porque uma economia não é significativa que ela não deve ser feita. A ampliação da estrutura pública também é feita em conta-gotas. Em Joinville, ainda há uma sensação de poderio financeiro inesgotável da prefeitura, traduzida em frases como “para quem tem orçamento de mais de R$ 3 bilhões, qual o impacto?”, ou “isso se paga com dois ou três dias de arrecadação”. A realidade é outra, apesar de as campanhas eleitorais levarem o eleitorado a pensar que não há escassez de dinheiro.
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A promessa de corte de cargos comissionados reúne no mesmo pacote a economia de dinheiro público e a administração mais “técnica” na prefeitura, com menor interferência “política”. Não bastasse, é uma mensagem de fácil comunicação, compreensível em uma linha – diferente de explicar, por exemplo, uma proposta de uma reforma administrativa que elimine a sobreposição de atividades entre secretarias. E mesmo um número menor de pastas não significa que a confusão das funções não possa se manter em diferentes órgãos internos.
Temas mais espinhosos, como realização ou não de concurso público ou manutenção do atual modelo de contratação da prefeitura (processos seletivos para temporários) acabam não ganhando tanto destaque. Mas deveriam, assim como outras questões envolvendo a máquina pública. O corte dos comissionados tem apelo popular e há necessidade, mas não são selo de garantia de qualidade da administração.