Ninguém mais no futebol catarinense tem tanta história para contar como Saulzinho.

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Ponta esquerda do Avaí, cuja carreira encerrou em 1955, mas que até isso acontecer barbarizou nos gramados e corredores do futebol catarinense — e brasileiro.

Quem foi Saulzinho?

Um baixinho canhoto, ponta nato, enjoado, corajoso, driblador, artilheiro e o melhor da posição no Brasil.

Em 1950, só não estava na seleção brasileira daquela Copa porque o técnico Flávio Costa não teve como vir a Florianópolis conhecê-lo. Foi indicado como o melhor da posição no Brasil.

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Campeão pelo Avaí inúmeras vezes, Saulzinho virou mais tarde o Dr. Saul Oliveira, advogado, brilhante, casou com a professorinha dos meus sonhos: Maria da Graça Tonolli de Oliveira. Teve filhos, netos, família.

O amigo de todos

Saul Oliveira
Saul (dir.) ao lado do ex-atleta e técnico avaiano Manoel Cordeiro (Foto: Acervo Pessoal)

Saul advogou causas esportivas e nunca negou apoio a quem o procurou.

Jamais cobrou uma consulta dos seus amigos, especialmente jogadores de futebol e pessoas mais carentes.

Sua paixão pelo futebol o fez virar técnico, diretor de futebol e, por que não, presidente do seu Avaí. Foi tudo no clube do coração.

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O Comentarista

Na década de 1970 o levei para a TV Cultura depois que ele teve uma rápida passagem pela Rádio Guarujá.

Participou comigo de debates esportivos e das transmissões ao vivo. Nível elevado, cuidadoso  em suas criticas evitando ferir ex-colegas jogadores e dirigentes.

Saul entrou em várias modalidades esportivas com sucesso. Foi aí que Lauro Soncini, seu fiel amigo e na época presidente da Associação dos Cronistas Esportivos de SC, atendeu solicitação do Governador Colombo Salles e indicou o nome de Saul Oliveira para o Ginásio de Esportes do bairro Capoeiras.

O Centenário

Saulzinho com o filho nos braços, ao lado do ex-presidente da Liga de Itajaí, Francismo Wippel
Saulzinho com o filho nos braços, ao lado do ex-presidente da Liga de Itajaí, Francismo Wippel (Foto: Acervo Pessoal)

Dia 7 de dezembro, Saulzinho completaria 100 anos.

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Com ele tive historias magníficas e algumas contei num trabalho de conclusão de curso da Universidade. Com ele briguei bastante, discuti muito, e aprendi quase tudo que sei. Ele tinha uma preocupação com tudo que eu dizia no rádio e na TV e me alertava assim:

Figuraça, você é um formador de opinião, vê bem o que tu vais dizer, hein!”.

Era um conciliador por excelência. Hoje a maior honraria do Avaí tem o seu nome, a Medalha do Mérito Saul Oliveira.

A viúva, Maria da Graça, que chamo "minha professorinha" — e muita gente pensa que é por causa da musica do mestre Athaulfo Alves (meus tempos de criança) — foi sim minha professora no primário, do Grupo Escolar Lauro Müller. 

Na sala de aula ninguém queria saber de estudar. Por que? Porque ela namorava, na época, com um tal de Saulzinho, que jogava no Avaí e que era o ídolo de todos na sala. Imagina se ela conseguia dar aula pra nós?

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A pergunta era: "Professora.. Saulzinho joga domingo?"

Eu e ele

Se vivo fosse, estabeleceríamos o seguinte diálogo sobre o futebol atual, ao me encontrar com ele:

Ô, velho encrenqueiro!? Aquele teu time não ganha uma no campeonato brasileiro…

Ô, Figuraça, fica na tua que tu não sabe nada. Combinamos descer para a Série B pra não deixar  o coirmão sozinho. Ficou sem graça, temos de ter clássico pra fazer dinheiro…

Chega Miguel Livramento na conversa e agita:

O Saul, preciso de ti. Um probleminha. Se não resolver, vou preso.

Boa, se depender de mim, vais ficar preso. Tás falando muito. Vou te deixar lá um tempo pra ver se tu melhora.

Saul Oliveira, no domingo, dia 7, faria 100 anos. Porque não comemorar? Ninguém tem a história dele.

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