Tarde de outono, sol prateando o mar, edifícios com mais brilho, temperatura ao sabor do momento e eu a fazer uma reflexão sobre o futebol de ontem e de hoje. Um filme passando nas minhas recordações com nomes que não consigo esquecer proprietários de um futebol encantador e inteligente. Quem não viu Zizinho jogar, não viu a inteligência, o passe milimétrico, a autoridade técnica em campo, de tudo um pouco para chamarmos de mestre.
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Quem não viu Pelé, não viu nada no futebol. Um jornalista carioca chegou a analisar Pelé com uma frase. “É o mestre Ziza de hoje”. Zizinho jogou a Copa de 1950 no Maracanã, jogou no Bangu e no Flamengo com passagem pelo São Paulo. No Maracanã encantou, deu show e levou a torcida aos seus grandes momentos.
Neste palco iluminado outros craques fizeram misérias. Cito três: Garrincha e seus dribles mirabolantes. Impossível marcá-lo. Telê quando jogador, inteligente, brilhante e muito técnico usando a camisa sete do Fluminense. Zico fez a torcida do Flamengo delirar muitas vezes. Eles faziam parte da corte do Rei e o futebol era jogado de outra forma.
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Discute-se até hoje a inteligência do futebol e aí Zizinho ganha um sério concorrente. Didi, o cérebro da Copa de 1958, o craque, o toque refinado, o pensador do jogo, autor da célebre frase: “Quem corre é a bola. Eu jogo”. Ocuparia a coluna inteira se quisesse lembrar dos nossos eternos craques.
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Em Santa Catarina não há como não lembrar de Teixeirinha, nosso eterno craque. O maior lançador de bolas do Brasil, Zenon o único que chegou perto de Zico na cobrança de faltas. Valério Mattos estaria na lista dos eternos craques do nosso Estado.
O entardecer desaparece, dando lugar a chegada da noite para que minha reflexão chegue ao fim. E hoje? A lista é limitada. O futebol está nos devendo. Não temos sucessores e joga-se outro tipo de futebol, que chamam de moderno. Copiamos outro continente depois de eles terem vindo aqui nos copiar. A beleza do futebol, o encanto do drible, o acerto nos cruzamentos, os ponteiros, o centro médio que dava início ao ataque ao lado do meia direita… Enfim, o futebol era bem jogado. Hoje, qualquer um é craque. E até pode ser, dentro do futebol que se joga.
O nosso futebol
Na história dos 98 anos do futebol catarinense tivemos craques sim, sem a mídia forte que temos hoje. Era rádio e jornal impresso até a chegada da televisão, satélites de áudio e vídeo, com transmissão ao vivo a partir de 1970, na Copa do México. E, finalmente, a internet e as redes sociais.
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Ainda assim produzimos jogadores como Edesio e Madureira (Metropol); Norberto Hoppe (Caxias); Valdomiro (Comerciário); Valdo e Luiz Everton (Figueirense); Betinho e Valdir Berg (Hercílio Luz); Petrusky e os irmãos Bolognini (Carlos Renaux); Veneza e Cavallazzi (Avaí); Nelinho e Sombra (Paula Ramos), e um grande elenco de bons jogadores. Alguém viu Saulzinho do Avaí jogar? Procópio Ouriques do Figueirense? Quantos nomes não devo ter esquecido.
Como era bom o nosso futebol.
Temos chances?
O andar da carruagem é lento. A julgar pelo que estamos vendo esta carruagem dificilmente chegará ao destino desejado em tempo hábil. Três representantes na Série B, que não passam confiança. Um na Série C, que preocupa muito com as oscilações, e outro na Série A, que depois de um bom começo tropeçou em casa. Precisamos melhorar muito. O torcedor começa a desconfiar. O futebol que estão jogando permite a dúvida, mas tem muito jogo.
Já teve
Da mesma forma que temos saudade do futebol antigo vale também lembrar de algumas modalidades que deram títulos ao Estado. O basquete de Blumenau, Florianópolis, Joinville e Lages era show. Assistimos finais memoráveis nos Jogos Abertos de SC.
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Hoje vivemos de Blumenau e da federação, que traze de volta a modalidade e organiza campeonatos em todas as categorias. Trabalho gigante. Kênio Nunes na ADIEE e Gilberto Vaz fazem um ótimo trabalho na Udesc.
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Projeto
Vale apena conhecer o Instituto Baby Basquete Cidadania (IBCC) em parceria com a UDESC e a prefeitura de Florianópolis, que atende crianças carentes de quatro a 19 anos nas comunidades carentes do Morro da Caixa, Vila Aparecida, Ingleses, Costeira do Pirajubaé, Vila União, Coqueiros, Bom Abrigo, Campeche, Coloninha e Estreito.
O trabalho é feito também com apoio da Score Basketball Academy, da Carolina do Norte, nos EUA. Sobre isso, vamos conversar no Sala VIP deste domingo, dia 22, no programa Giro Total, da CBN Floripa.
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Renascendo (1)
O futsal catarinense hoje está em Blumenau, Jaraguá do Sul, Joinville, Tubarão, Joaçaba… e Florianópolis nada. Há uma tentativa de recuperá-lo, com o técnico Antônio Mafra. A lembrar que já tivemos Remaclo, Renato Sá, Chico Lins, Olivio, Serginho, Fausto Silva, Duda, entre outros. Rosendo Lima deixou Moreira como sucessor e este cansou, tantas as dificuldades. O futsal da Capital vive dias de renascimento.
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Renascendo (2)
E o vôlei? Paulão, nosso atleta olímpico, tenta recuperar através de projeto inovador na Capital. Os velhos baluartes como Pecos, Badeco, Ben-Hur se espalharam pelo Estado e também cansaram. Apenas Ben-Hur ainda trabalha na revelação de novos valores.
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Renascendo (3)
Na Capital nos resta o remo, que neste domingo, dia 22, tem mais uma etapa do Campeonato Estadual. Baluartes da modalidade estão cada vez mais atentos para que o esporte continue a conquistar troféus e medalhas. Masters disputam competições internacionais, a federação muito bem organizada e os clubes mantendo a história dos tempos da chegada das provas na desaparecida Ilha do Carvão.
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Giro Total
> Saudade:
Como neste fim de semana estou recordando histórias e modalidades esportivas, nomes que foram importantes para Santa Catarina.
> Hélio Rosa:
Técnico campeão estadual pelo Paula Ramos em 1959. Simples, humilde e muito conhecimento. Sabia tudo.
> A dupla:
Nos momentos mais difíceis do Figueirense, Valdir Albani foi presidente. Funcionário do Patrimônio da União, tinha ao lado Djalma Bertoncini, que havia sido goleiro, diretor e mais tarde foi presidente.
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> Pulso Firme:
O JEC nasceu nas mãos dele. Waldomiro Schultzler levou o Joinville a títulos memoráveis e equipes admiráveis.
> O maior:
Moacir Fernandes foi o maior ganhador de títulos em nível nacional presidindo o Criciúma.
> Eram amigos:
O reerguimento do futebol da Capital depois de quase 30 anos sem título deve-se a uma pseuda inimizade entre José Mauro Ortiga e Fernando Bastos. Marqueteiros de primeira, sabiam promover a história dos clássicos.
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