Júlio Cesar Heerdt sabia da grandiosidade do Avaí. Tinha ideia do tamanho da encrenca que assumiria. Não esperava que ela fosse tão grande e complicada. Ao receber o resultado da auditoria feita no clube, a primeira coisa que pensou foi pedir uma recuperação judicial para pensar com calma o que fazer.
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Ex-presidente azurra, Francisco Battistotti pegou o clube em 2016 com R$ 67 milhões a pagar, incluindo R$ 12 milhões para a família de João Nilson Zunino.
Foram cinco anos de dificuldades financeiras para o ex-presidente, com aumento da dívida e alguns títulos, duas vezes o Campeonato Catarinense e duas vezes o acesso à Série A nacional.
Agora, Heerdt chega e não consegue fazer o futebol decolar. O ano de sua primeira administração tem sido um desastre, considerando o tamanho do clube.
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Começou perdendo o clássico – e com goleada -, e de quebra a Recopa para o maior rival. Depois, veio a eliminação da Copa do Brasil e, como se não bastasse, a grande dificuldade para ficar em oitavo lugar no estadual com 12 participantes.
No pronunciamento que fez nesta quinta (17) e, depois, no Debate Diário, na CBN Diário, Heerdt confirmou que a dívida herdada da administração anterior no momento é impagável. Premiação, salários, dívida fiscal, antecipações feitas à emissora de TV (Globo) que detém os direitos do futebol estão deixando o novo presidente sem dormir.
Três meses terríveis, o que me fez perguntar ao presidente se ele estava arrependido de assumir a presidência do Avaí. “Arrependido não, assustado sim”, afirmou Heerdt.
Além das dívidas, que são altas, o Avaí parece que se fechou no futebol. A vinda de William Thomaz mudou um pouco a transparência no futebol, o que sempre foi o forte do clube.
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Casos de Bruno Silva e Vinicius Leite. Por que Bruno saiu de cena sem uma explicação do clube? É vago dizer que ele vai fazer uma cirurgia, algo pessoal. Mas como? O torcedor quer saber por que um jogador tão importante não vai atuar nos jogos finais do time.
E Vinicius Leite foi ou não colocado à disposição do mercado porque ele não entrega o conteúdo que devia entregar. Explicações que precisam ser dadas ao torcedor, que é quem garante a história do clube.
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E Marquinhos Santos? Porque o ex-presidente disse publicamente que “Vocês vão conhecê-lo bem agora”.
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O ex-atleta e atualmente gerente trabalhou desde que parou de jogar com a diretoria anterior. Qual é o problema? Já conheceram o galego mesmo? E daí?
E essa história que a TV ou CBF pagaram duas vezes a mesma cota e que uma delas deveria ser devolvida. Atualmente, a dívida fiscal é de R$ 57 milhões, ou seja, falta de recolhimento de valores devidos ao INSS, FGTS e IR.
O presidente Júlio Cesar Heerdt, que sabemos ser um homem de propósitos positivos, chegou ao Avaí com uma visão otimista e está em dificuldades para encontrar soluções. Precisa rever urgentemente seu projeto de gestão, cuja prioridade é permanecer quatro anos na Série A do Campeonato Brasileiro, e entender que algumas contratações foram equivocadas no futebol e fora dele. É necessário também reavaliar o grupo de trabalho que montou.
Perguntei a Heerdt se diante de tudo isso o Avaí era viável. A resposta não foi clara.
Muito provavelmente uma S.A. Avaí pode estar nascendo na Ressacada, única chance vista neste momento e capaz de solucionar a médio ou longo prazo a situação financeira do clube.
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