O brasileiro João Havelange, ex-presidente da Fifa, tinha algumas observações sobre o futebol muito interessantes. Uma delas, foi abordada pelo ex-jogador Valério Mattos em palestra que proferiu na Fiesc, em Florianópolis. Foi sobre o carrinho no futebol, que Valério considerava o antijogo, opinião corroborada por Havelange.

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Levou a International Football Association Board (órgão que regulamenta as regras do futebol) a sugestão de uma punição mais forte ao atleta que aplicar o carrinho por trás, colocando em risco a integridade física do adversário. O futebol é o esporte que menos tem se modernizado. As regras são as mesmas, com algumas pequenas alterações. Há um conservadorismo enorme na Fifa, os senhores da International Board são insensíveis à modernidade. Nisso Havelange também os acompanhava.

O ex-presidente da Fifa costumava dizer: “O dia em que acabarem com o impedimento ou colocarem a tecnologia no futebol correremos o sério risco de perder a emoção”. Ele era contra. Verdade que está sendo constatada neste momento, especialmente no Brasil. O VAR veio para tirar dúvida do arbitro de campo e não mudar decisão tomada em cima do lance.

Isso vem acontecendo e de uma forma triste, porque os jogadores não estão aceitando o que vem como prato pronto lá da cabine do VAR. O resultado é que estamos tirando a emoção do jogo, com paralisações de cinco minutos ou mais, em algumas vezes. Enquanto isso, os atletas cercam o árbitro, não têm o mínimo respeito pela decisão e o jogo para. 

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Tem acontecido no Brasil com frequência, obrigando o árbitro a aplicar até o cartão vermelho em algumas ocasiões. Na semana passada aconteceu no jogo Palmeiras x Internacional, com Bráulio Machado aplicando a medida extrema a Edenilson, do Internacional, que depois se desculpou pelas redes sociais.

Edna Alves Batista não marcou um lance que considerou normal e escandalosamente fez gestos de “segue o jogo” em Confiança-SE x Avaí, para depois ser chamada pelo VAR e marcar o pênalti. Ela estava a um metro do lance, com ótimo visual e interpretação não teria de atender o chamado da cabine. Não havia dúvida para ela, foi na frente dela. Voltou atrás e marcou, destruindo a interpretação que estava correta. 

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O que é isso então gente? O VAR veio mesmo para ajudar a esclarecer lances duvidosos ou dar conforto aos árbitros, que agora se escoram na tecnologia, transferindo a responsabilidade? 

Havelange tinha razão. As paralisações até a tomada de decisão da arbitragem estão matando o futebol. Não sou contra o VAR, mas entendo que está mal usado no Brasil. Inclusive, não vem sendo respeitado pelos próprios jogadores em campo. 

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Os protestos

Antigamente era preciso montar uma fita com gravações de erros da arbitragem, levar a CBF e marcar território, até porque as decisões nunca foram e nem serão mudadas. Hoje, a TV mostra todos os jogos com um batalhão de câmeras posicionadas para não perder nenhum ângulo das jogadas, e os erros continuam escancarados. E nenhuma providência é tomada.

Velha política

O benefício do voto continua sendo implacável, claro. Árbitros de federações que são importantes na hora da eleição na CBF e que não reúnem a menor condição para o exercício da atividade. A força dos clubes através do peso das camisas, às vezes, assusta. A CBF sabe quem tem ou não condição de arbitrar um jogo, cuja resultado pode decidir a vida de um clube, mas continua errando. Isso tudo faz com que o torcedor ache que os chamados “grandes do futebol” têm o benefício do “apito amigo”.

Nossos árbitros

SC sempre deu boa contribuição à arbitragem nacional. Atualmente, temos como árbitros Fifa: Bráulio Machado, Rafael Traci e Charly Deretti. Na condição de árbitro VAR Fifa temos Rodrigo D’Alonso Ferreira, assistente Kléber Lucio Gil, Neusa Inês Back (hoje em SP) e Cleide Mary como instrutora Fifa.

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Dentro da CBF estão Giuliano Bozzano, na direção da escola nacional de arbitragem, e Erika Kraus, como secretária da escola. Precisamos ser respeitados. Agora, buscam nossas comentaristas de arbitragem pelo conteúdo e qualidade, como Nadine Bastos e Fernanda Colombo. É preciso olhar mais para Santa Catarina.

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Problemas

Vamos ter muitos problemas nesta reta final. Pergunto, qual grande árbitro brasileiro temos hoje? Quem é o Armando Marques do futebol atual, o Arnaldo Cesar Coelho? Não temos. Dirão alguns: também erraram. Claro, são seres humanos. Os atuais são ruins tecnicamente e alguns até trapalhões.

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O momento requer cuidado e atenção. A Série B do Brasileiro está caminhando para a definição e a CBF precisa usar o que tem de melhor. Porém, hoje parece que o mais importante é a arbitragem do VAR. Não adianta no campo ter um árbitro Fifa e no VAR alguém sem a mesma expressão. E isso tem acontecido.

Lançamento

Valério José Mattos foi considerado, juntamente com Teixeirinha, os melhores jogadores da história do futebol catarinense. Era craque e já nos deixou. A história dele está retratada no livro escrito por Murilo Ronald Capella. O lançamento será nesta segunda-feira, dia 25, das 18h às 22h, no Paula Ramos EC, em Florianópolis. Valério jogou e foi campeão estadual pelo clube em 1959. Imperdível.

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