A cada início de campeonato lembro de muitas vivências, curiosidades, momentos especiais, todo um filme de recordações é exibido em nossas mentes. Da estreia como repórter de campo ao primeiro comentário em transmissão esportiva, bate uma saudade de um tempo que não volta mais. Imagine um garoto empunhando o microfone poderoso do rádio à época, sem TV, para começar a carreira no jogo Figueirense e Hercílio Luz. E os dois times vão presos, por uma briga generalizada. E a estreia termina numa delegacia de Florianópolis, diante do não menos poderoso delegado Sidney Pacheco.
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Ou quem sabe o início do comentarista em Imbituba, onde a cabine era no alto, de madeira, e para alcançá-la tínhamos que subir uma altíssima escada que balançava mais que a própria cabine. Figueirense e Atlético Imbituba vão para o corpo a corpo e muitas expulsões ocorrem. Fim de jogo e alguém tira a escada para impedir nossa saída. Foram mais de duas horas de indecisão. Pulamos ou esperamos que uma boa alma traga de volta a escada. Foram mais de duas horas de espera.
Ao lado do tempo a história foi se encarregando de formar o grande longa-metragem que roda neste momento. Saída dos estádios em jipe do exército, invasão de cabine com torcedor armado, ameaças de morte, tudo em nome de uma paixão exagerada que tentava impedir a liberdade de expressão. Época em que só o elogio era válido.
Novos tempos e vou agora para a cobertura do meu primeiro campeonato sem pisar nos estádios. Fantástico, não? A pandemia nos obriga a isso e a tecnologia nos possibilita o trabalho. Nunca imaginei que chegaria o tempo em que acompanharia todo o Campeonato Catarinense direto de casa e não dos estádios. Pois é, isso que vai acontecer é incrível, sem perder a qualidade do trabalho ou até mais, com a tranquilidade que a tecnologia da TV nos possibilita.
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É assim que vamos começar o Estadual na próxima quarta-feira, dia 24. Para mim, o de número 62 em cobertura e 64 ou até mais quando apenas pulava o muro do Estádio Adolfo Konder para ver os jogos. Então, vamos vivenciar mais um deles esperando que tudo de bom possa acontecer com equilíbrio, respeito, seriedade, responsabilidade, qualidade e, sobretudo, sob o signo da paz.
Minha expectativa
Sempre que vai começar um Estadual bate em todos nós aquela ansiedade pelo momento mágico de a bola voltar a rolar. Tenho uma expectativa muito grande sobre o Figueirense. O quer que esteja sendo feito não pode ser pior do que 2020. Jogadores que têm a grande chance de mostrar do que são capazes, têm a oportunidade de vislumbrar um cenário mais elevado. É uma nova equipe. Precisará de algum tempo para se conhecer melhor em campo.
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Espinha dorsal
O Avaí, segundo favorito em direção ao título (após a Chapecoense), manteve praticamente o time. Perdeu Rômulo e só. Os que saíram foram por conta de um desinteresse do próprio clube. Dúvidas quanto a Pedro Castro. As renovações de Valdivia e Betão estão dentro do esperado.
Subiram cinco da base, que serão testados durante o Estadual. Tem o time pronto pra colocar em campo na quarta-feira.
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Sempre candidatos?
Criciúma e Joinville, pela tradição, história, número de títulos e torcida, sempre disputarão títulos. Pelo futebol no momento, não. O JEC, segundo o técnico, vai brigar para estar entre os quatro primeiros e o Criciúma já pensa um pouco mais alto, com a contratação de Hemerson Maria. Só o técnico não será suficiente. Não formou time para título, mas pode surpreender.
Chances de cada um
O Brusque, agora motivado pelo acesso à Série B do Brasileiro, tem a obrigação de brigar bem no Estadual. Praticamente manteve o que lhe interessava. Nonato, ex-Figueirense, parece ter sido o grande reforço. Marcílio Dias, Concórdia, Metropolitano, Juventus e Hercílio Luz e o Prospera (uma incógnita) devem brigar pela manutenção na Série A.
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Primeiro decisão
Na verdade o campeonato começa neste domingo, dia 21, com uma amostra do que teremos este ano. Um jogo, uma decisão, um título e no lugar certo, em Chapecó. A Chapecoense, nosso único representante na elite brasileira este ano, pode começar o ano com troféu na prateleira. É favorita para a decisão da Recopa Catarinense contra o JEC, que faturou o título da Copa SC. O grande Joinville nos dará uma amostra do que será capaz no Estadual, enquanto o favoritismo da Chape é inegável.
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Toque do Bob
No microfone: O comunicador Jota Deschamps, da CBN Joinville, é quem vai comandar as transmissões das partidas do Campeonato Catarinense no globoesporte.globo.com/sc. Veja a programação dos jogos que serão transmitidos na página 12 desta edição.
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História (1): O Carlos Renaux, que está retornando ao futebol profissional, tem no currículo uma vitória extraordinária em 1954 no Estádio dos Eucaliptos, em Porto Alegre. Venceu a Seleção Gaúcha, numa sexta-feira, por 2 a 1. Esta mesma seleção enfrentaria Santa Catarina no domingo pelo Campeonato Brasileiro de seleções.
História (2): Avaí e Joinville, em 12 de outubro de 1983, foi o último jogo profissional disputado no Estádio Adolfo Konder. Empate em 0 a 0, com 2.056 torcedores se despedindo do estádio. Foram 53 anos, cinco meses e um dia de utilização da estrutura.
História (3): O Marcílio Dias conta como a maior conquista, o vice-campeonato do Torneio Sul-Brasileiro, também conhecido como Torneio da Legalidade, disputado em 1962.
História (4): Em 1963, com a excursão do Metropol à Europa, a Federação Catarinense de Futebol (FCF) organizou o Torneio Luiza Melo, esposa do presidente Osni Melo, vencido pelo Velho Marinheiro, de Itajaí. Vinte anos depois, a FCF reconheceu este titulo como de campeão estadual.
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História (5): Avaí e Santos, no Adolfo Konder, em 1972. Pelé é derrubado fora da área, levanta e parte pra cima do árbitro José Carlos Bezerra aos gritos: “É pênalti, é pênalti, seu juiz”. E o arbitro: “Se queres o apito eu te dou, está aqui”. No final do jogo, Pelé foi cumprimentar Bezerra, que não foi na onda dele.
História (6): Teixeirinha considerado o melhor jogador da história de SC treinou no Figueirense. Agradou, mas foi liberado. Pediu alguns cruzeiros a mais e acharam caro. Ele chegou a vestir a camisa do Avaí, em um amistoso contra o Bangu, do mestre Zinho, no Adolfo Konder. Jogou ao lado de Valério Mattos, outro gigante do futebol catarinense.