Esta semana meu telefone tocou, para do outro lado uma voz desconhecida me dizer: “Meu filho tem 11 anos, joga muito, Flamengo está de olho nele, mas eu queria que ele jogasse antes aqui no nosso Estado. Podes dar uma força?”. Não. Não posso por uma simples razão: sou jornalista e não empresário. O cidadão sem identificar insistiu: “Se você atender o empresário do garoto, ele te convencerá a conversar sobre o assunto”.
Continua depois da publicidade
> Saiba como receber notícias do NSC Total no WhatsApp
Terminou ali mesmo a ligação, por minha iniciativa. Sem constrangimento nenhum o pai do menino, que eu não quis saber quem era, deixou claro que com 11 anos o garoto já tinha empresário, ou seja, o pai negociou, recebeu algum trocado e, se der certo, vai tentar mais e, se não der, já embolsou algum.
Esta é uma prática que vem se tornando comum no Brasil e que não leva a lugar nenhum. Os clubes passaram a ter muito cuidado quando alguém oferece um menino cuja carreira nem começou. O primeiro passo é evitar o empresário. Nada contra a categoria, que está trabalhando. Tudo contra a ganância dos pais, que nem sequer esperam um trabalho de iniciação e fundamentos nos clubes para pensar imediatamente na Europa.
> Figueirense perde quatro titulares para enfrentar o Operário-PR
Continua depois da publicidade
Hoje, os clubes investem grande na formação do atleta, trabalham ele com todas as condições para chegar a algum lugar e, em alguns casos, não ganham financeiramente o que deveriam. Renovar, sim, mas até aqui está cada vez mais difícil.
Todos sabem da importância do empresário hoje em dia na vida do atleta. Com 10, 11 anos de idade, parece ser ganância dos pais.
O trabalho
Quando se fala em usar a base do clube como forma de evitar investimentos altos em jogadores já formados, não se tem ideia de valores no custo da formação de atletas. A base não quer dizer apenas Sub-17 e Sub-20. Há as equipes Sub-13, Sub-15, escolinha. Muitos dos garotos vêm de fora e passam a viver dentro do clube.
> Campeonato Catarinense: começa o returno; estamos em desvantagem
Concentração, alimentação, educação, profissionais em cada categoria para encaminhamento da sequência da carreira, enfim, hoje em dia a formação de uma base sólida de um clube envolve perto de 150 novos e futuros atletas. O custo é alto, mas ainda assim vale a pena.
Continua depois da publicidade
Na Brasil
Os nossos clubes dos centros maiores do futebol no país entenderam a importância da formação de atleta em casa. O Flamengo tem nos dado alguns deles. Trabalho de anos vem sendo feito pelo Fluminense, em Xerém, na baixada Fluminense. Grêmio e Internacional mantêm os consulados pelo Brasil, de olho em novos talentos. O investimento na formação de atletas é caro, mas ainda é a solução.
> Avaí empresta zagueiro Eduardo Kunde ao Cuiabá, adversário na Série B
Um problema
A paciência do torcedor com o atleta formado em casa não é a mesma que tem com o medalhão. Há um segmento da torcida que prefere o imediatismo, ou seja, jogador de renome nacional, já formado. Por que? Exibicionismo. Para poder encher o peito de orgulho e dizer, “Fulano” joga no nosso time. Meu time trouxe o craque tal. Em campo, normalmente já em fim de carreira, não respondem a expectativa do torcedor.
O garoto quando lançado é geralmente visto com desconfiança. Há qualquer erro a cobrança é dobrada. Dependendo do clube o garoto segue ou não quando na verdade é preciso insistir. Está mais do que provado que o futuro do futebol está na base dos cubes.
> NSC anuncia novidades em rádios: CBN Diário chega ao FM e CBN estreia em Joinville
> Semana movimentada no futebol catarinense
Toque do Bob
O turno da Série B do Campeonato Brasileiro terminou com a Chapecoense em 1º lugar. Futebol prático, objetivo, nada especial, mas competitivo.
Continua depois da publicidade
Hoje é difícil ver o time que atua com futebol vistoso, cheio de jogadores habilidosos, espetáculo com resultado. Marcação forte, velocidade no contra-ataque e competência para marcar quando a chance aparece. A grande maioria dos clubes brasileiros joga assim. E qual a diferença deles para a Chape? A competência para marcar. Muitos se apegam a tal de posse de bola, que na verdade não ganha jogo. Ajuda a criar as chances e aí tem que fazer.
> Pereira tem proposta do Atlético-GO e pode deixar o Figueirense
Os outros dois representantes catarinenses na Série B não foram bem. O Avaí oscilou muito e o Figueirense deixou muita preocupação em sua participação.
Neste momento de início do returno, apenas a Chape passa a esperança de acesso. Há quem diga que os clubes do litoral tiveram e têm muitos problemas financeiros. O Figueirense sim, pela gestão anterior desastrosa. O Avaí não. O forte dos azurras é exatamente a gestão financeira muito bem controlada e administrada.
> Caso Alemão: Figueirense pode comemorar, mas ainda é uma pena pesada
A Chape também andou com dificuldades financeiras por conta de uma divida de R$ 35 milhões, fato inédito no clube, que sempre foi muito controlado nas finanças. Está em recuperação e, mesmo assim, conseguiu montar um grupo competitivo com excelente resultado.
Continua depois da publicidade