Que mês é este que acabamos de entrar e que se diz dele histórias muito ruins. Ainda bem que não passam do campo do folclore. De qualquer sorte, há uma preocupação sempre que chegamos a agosto. Agora, devemos nos preparar para a curva ascendente da pandemia prevista pelas autoridades.
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Dizem os especialistas que é o momento mais perigoso da luta contra o coronavírus. Então, me pergunto: mas se em Santa Catarina já atingimos altíssimo patamar do novo vírus, não temos mais o que temer e sim respeitar todas as determinações das autoridades? Em meio a este momento conturbado o futebol catarinense voltou, para completar o Estadual e, mais do que isso, para iniciar a Série B do Brasileiro, já no próximo final de semana.
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Devemos festejar? Não. Mesmo sendo homem do futebol, tenho minhas reservas. Não sou contra o futebol, pelo contrário. Sou a favor da vida. E o futebol que se cuide. Olho e atenção em todo o protocolo, que se diz muito seguro. A qualquer deslize, decisões contrárias poderão voltar a ameaçá-lo.
O governo do Estado vive um momento de indecisão absoluta. Está muito sensível. Foi muito pressionado por ter liberado o futebol e, mesmo com todas as exigências de uma nova portaria, a qualquer deslize poderemos voltar a estaca zero. Tem futebol, mas sob alta tensão e máxima fiscalização. E, por favor, vamos ver se conseguimos ficar em frente ao aparelho de TV, evitando de sair às ruas, afinal além tudo o que anda acontecendo chegamos ao mês do cachorro louco, como já diziam os bruxos da ilha.
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Decisões
O que o futebol catarinense está vivendo este ano, não só por causa da pandemia, mas pela falta de pulso firme para decisões irrecorríveis, me faz lembrar tempos em que os campeonatos eram decididos em volta de uma mesa regada a um scotch de boa procedência. Isso ocorreu num determinado momento em que as reuniões eram num restaurante do centro da Capital. Ali, mesmo no guardanapo, eram ditadas as grandes decisões e até título era decidido.
Tempos de escalas
Pelo telefone se escalava o árbitro para determinado jogo, conforme interesse de um grupo que atuava forte junto a FCF. A interferência era grande. Jogo em casa, árbitro fraco. Jogo fora, os melhores para segurar a barra. Esta era a filosofia. Até o dia em que determinado árbitro escalado foi substituído em cima da hora, sem ninguém saber. Um famoso locutor anunciou: “Olha, em Criciúma parece que tem pênalti a favor de tal time. É bom o plantão dar uma olhada porque o árbitro tal acaba de marcar”.
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Zebrou
O plantão derrubou o locutor com a seguinte informação: “Olha, meu caro! Se estava previsto o árbitro tal marcar o pênalti aos 15 minutos, zebrou. É que não é ele que está apitando. Foi substituído antes do jogo por problemas de saúde e não tem pênalti nenhum. E trata de transmitir o jogo daí, que o resto informo daqui”. O velho futebol catarinense. As raposas felpudas atuavam livres, leves e soltas.
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O rádio e a TV
Além das dificuldades que estamos atravessando para completar nosso campeonato, em meio à chegada do Campeonato Brasileiro, vivemos algo inusitado. Futebol sem torcida nunca tinha visto. O silêncio total possibilita-nos a escutar de tudo um pouco. Para os narradores não há nada pior. Tem que ser criativo para colocar emoção em um jogo que mais parece treino pela ausência do torcedor. O grito de gol sem o som da torcida é muito estranho.
Toque do Bob
> Sem ter como entrevistar ninguém, os repórteres têm que se virar para colocar no ar um ou outro jogador. Do estúdio e sem perceber que estava fazendo algo novo, o repórter fez a pergunta e não veio a resposta. Esperou e mandou sem notar que estava no ar; “Pô, esse Jacú não vai falar mesmo, hein”.
> Não há neste momento nada mais ridículo que os bonecos que os clubes colocam nas cadeiras dos estádios, tentando conseguir algum troco a mais. Alguns até sorriem, outros choram, batem palmas, enfim. Tempos de pandemia.
> Duro mesmo é quando sai o gol, narrador no estúdio tentando identificar o autor, repórter também não viu, imagem escura, quadro parado no ar, imagem gelada, e dá-lhe improviso. Tem que ser bom, hein.
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> Tudo é aceitável pela situação que estamos vivendo. Até cumprimentar esse pessoal da latinha, que tem se desdobrado tentando fazer o melhor com as dificuldades que o momento impõe.