Estamos vivendo pela primeira vez no futebol catarinense a disputa de um clássico em meio às comemorações cuidadosas de um Natal diferente. Juntar a época mais importante do ano para a humanidade com o futebol, no meu caso tem tudo a ver.

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Quem não esperava, quando garoto, amanhecer o dia 25 para procurar por toda a casa onde o Papai Noel teria deixado seu presente? Era uma ansiedade que não permitia dormir na noite do dia 24. Acordado até o cansaço bater queria ver a chegada do velhinho, como ele era pessoalmente, falar, agradecer o presente e que ele entregasse logo, mesmo na noite véspera do Natal.

Não, era dia 25 pela manhã, como a grande comemoração familiar traduzia-se no almoço que reunia toda a família. Macarrão, maionese, peru ou frango ensopado era o prato da classe média. Almoço de domingo. O resto do dia era saborear o presente trazido pelo bom velhinho.

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O meu presente tão sonhado tinha tudo a ver com o futebol. Eu já sabia qual era, pois anualmente ela me fazia companhia por dias ou no máximo um mês. Assim que eu descobria pela manhã cedo onde ele tinha deixado a minha bola (Superball número cinco, amarela oficial), saía correndo, pois os amigos já estavam esperando e o almoço era o que menos interessava. O dia inteiro, eu, a bola e os amigos. Depois de um mês ela começava a ser remendada, de tanto que nós a castigávamos. Era o Natal do meu tempo de criança.

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A diferença 

Os tempos são outros. Natal agora é na noite do dia 24. O momento em que as famílias se reúnem é na ceia de Natal e aí acontece a troca de presentes. O dia 25, se for o caso, é de praia. Não há mais o encontro do almoço, salvo em algumas famílias mais tradicionais e conservadoras. Pouco se houve as músicas natalinas, exceção quando elas estão acompanhadas aos jingles comerciais exibidos pelo rádio ou televisão.

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O clássico

O Natal deste ano está sendo tão diferente em função da pandemia que até um clássico foi incluído no meio da data. No dia imediato ao Natal vão jogar Figueirense e Avaí. O Mané chamaria nos bons tempos de clássico da ressaca. Não será assim, porque a época merece cuidado especial por conta da Covid-19. Inédito, não? E o jogo vale muito na tabela de classificação da Série B do Campeonato Brasileiro. E mais curioso ainda é o fato de o jogo ocorrer sem a presença do público. Melhor ainda. Os dois não perderam os jogos anteriores e chegam de uma semana de trabalho para um bom clássico neste sábado.

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E o jogo? 

Meio que sem clima por conta dos estragos da Covid-19, mas importante para a história do clássico. O Avaí está melhor na tabela, o Figueirense cresceu com o técnico Jorginho. Em se tratando da velha rivalidade entre os dois clubes não há muito o que fazer de prognóstico, pois nunca houve favorito para este jogo. Em tempos diferentes, vamos vivenciar mais esta novidade. Um clássico no dia seguinte do Natal. No clima de fim de ano, que espera-se, seja sem os exageros do passado e dentro do isolamento social. Comemoração? Interna e com todos os cuidados determinados pelas autoridades da saúde. 

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Toque do Bob

Presentes: Como é bom recordar. Era pouco, mas gostoso. Ou era muito. Para as meninas uma boneca. Para os rapazes uma bola. No meu caso, às vezes, um par de sapatos, que teria de durar até o próximo Natal. Inesquecível.

Inocência: Tudo mudou e hoje a tecnologia assumiu a troca de presentes, se é que ainda existem. Celulares, computadores e videogames, para quem pode, estão na linha de frente.

Bola? Muito difícil, a não ser para os pequeninhos, pois nem campo não há mais para se brincar. Tínhamos campo do manejo na Avenida Mauro Ramos, cada bairro tinha o próprio campo e oficial, pois havia um time na comunidade. Hoje nada mais existe.

Na Capital: O maior centro de atenções dos jogos na época era o Abrigo de Menores com quatro campos. Corinthians e Portuguesa (Pantanal), Ipiranga e Fernando Raulino (Saco dos Limões e Costeira), Fluminense (Prainha), Internacional, Beira Valas, Cruz e Souza (Estreito), campos em toda a comunidade.

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Nos Morros: Todos os morros tinham representantes com os times de futebol, alguns revelaram muitos jogadores para o futebol profissional. São muitos para nominá-los.

Tudo muda: Quando criança enquanto jogávamos bola na manhã do dia 25, nas residências um silêncio respeitoso e de fundo bem suave jingle bells com a harpa paraguaia de Luiz Bordon.

Diferente: A cidade não havia passado ainda pelo boom imobiliário. O edifício mais alto da capital era a Catedral Metropolitana. Pouquíssimos automóveis, sem o aterro da baía nem a Beira-Mar Norte, era a Florianópolis bucólica, onde se vivia com segurança e alegria.

Saudade: Muita saudade dos tempos de criança. Hoje é comercial, preocupação, insegurança, desrespeito. Jogava-se botão na calçada, missa aos domingos e até descalço o padre deixava entrar, muita travessura. Por isso gosto do mestre Athaulfo Alves: “Eu não sei por que a gente cresce. Se não sai da mente estas lembranças. Eu era feliz e não sabia”.

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