Vou repetir o que já disse aqui: “Enfeiaram o futebol”. Tiraram a criatividade do jogador brasileiro. Foram para o espaço o drible (coisa nossa), os ponteiros, o centroavante nato, os laterais marcadores… Enfim, não se vê mais um futebol aberto, bonito, bem jogado e vencedor.

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Hoje, discute-se a marcação alta ou baixa, a recomposição, o futebol reativo, os laterais avançados e o falso 9 (ex-centroavante, o comandante de ataque), tudo em nome da evolução do futebol. Nossos técnicos foram para a Europa estagiar em grandes clubes e vieram com a cabeça feita.

Entrei nesse tema por conta dos questionamentos que estão sendo feitos pelo futebol que vemos jogando Avaí, Figueirense e Chapecoense, entre outros. Chamamos hoje de proposta de jogo onde o 1 a 0 é goleada. Enquanto há vitória, tudo bem. Caso contrário, os técnicos são chamados de retranqueiros. Há quem diga que os times que atuam desta forma é mais pela falta de qualidade.

No Brasil, hoje, o Flamengo joga ainda o melhor futebol por conta da adaptação dos bons jogadores, a valorização da posse de bola, que não fica apenas no meio-campo. Cria chances, vai para o gol, ao contrário de alguns times que usam a bola para passar o tempo.

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Defesa sólida – dois bons protetores de zaga, que inclusive saem para o jogo –, uma linha de três se revezando na intermediária adversária e um fazedor de gols à frente, sempre acompanhado de um meia. Este é o Flamengo. Jogo forte e de qualidade pelos lados do campo lembrando o carrossel holandês na Copa de 1974.

As mudanças ou novidades nos esquemas mirabolantes dos técnicos europeus acontecem geralmente em Copas do Mundo. Ultimamente, pouco tem ocorrido. Assim, o Campeonato Brasileiro, em especial a Série B, vai sendo jogado com pouca qualidade. Em nome da modernidade, a retranca voltou a ser o melhor esquema para se chegar a algum lugar.

DO MESMO JEITO

Qual dos três representantes catarinenses da Série B joga o futebol para acesso à elite? A classificação diz que é a Chapecoense. E qual seria a razão, se jogam da mesma forma? Objetividade. Mesmo sem ter hoje um grande time, a Chape joga fechada esperando o erro do adversário e utiliza a bola parada muito forte, especialmente pelo alto. Posse de bola? Quando tem usa para marcar ou tentar fazer o gol.

DIFERENÇA

Se jogam da mesma forma, por que Avaí e Figueirense são tão criticados? Os representantes da Capital tem pouco poder ofensivo. Em geral, usam a posse de bola para segurar o resultado, dando uma falsa impressão de superioridade. As últimas contratações foram baseadas em jogadores de ataque, profissionais cuja história indica muitos gols marcados. Quem sabe.

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COPA DO MUNDO

As Eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2022 estão mostrando a fragilidade atual do futebol da nossa América. Por enquanto, o Brasil sobra na competição: dois jogos e nove gols, contra as frágeis seleções da Bolívia e Peru. A Argentina, que está renovando sua seleção, teve muita dificuldade nos jogos contra Equador e Bolívia.

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Quem pode surpreender? Futebol muito fraco o que estão apresentando.

TOQUE DO BOB

• Não podemos deixar passar em branco o centenário do Caxias, de Joinville, no último dia 12. Foi campeão estadual invicto em 1954. Um dos melhores times que vi jogar em SC. Caxais tinha Juarez e Vieira, que depois foram para o Grêmio. Didi, Cleuson, Ivo Maia, Hoppe, Cunga Din, e o excelente goleiro Puccini. Timaço a relembrar.

• Egon Petrusky foi um dos grandes jogadores de Santa Catarina. Atuava como ponteiro-direito do Carlos Renaux, de Brusque, e foi bicampeão do Estado em 1950 e 1953. Semana passada ele foi lembrado na inauguração do novo salão de festas do clube, no Estádio Augusto Bauer, que recebeu seu nome. Em 1950, o Carlos Renaux tinha: Mosimann, Afonsinho, Ivo, Tesoura, Bolognini e Pilolo. Petrusky, Otavio, Olinger, Tijucano. Bons tempos!

• Perguntam os amigos: e o jornalista Joel Ferreira do Nascimento, o Maceió, onde anda? Ele está internado em uma casa geriátrica de Joinville, aos 75 anos. Sintomas de Alzheimer no início.

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• Maceió foi por 40 anos um dos colunistas mais importantes do esporte em SC no jornal A Noticia. Autor do projeto “Troféu Jornaleiro”, concedia a honraria aos melhores do esporte de várias modalidades anualmente. Um dos maiores apoiadores dos Jasc na imprensa.

• Por falar em Jogos Abertos, nenhuma repercussão sobre o cancelamento do evento este ano. Decisão de bom senso. Não há mesmo clima. Jaraguá do Sul em 2021, quem sabe.

• E este surto da Covid-19 no Estádio Orlando Scarpelli, hein? Sim, virou surto, mesmo com todas as providências tomadas pelo clube. O problema tomou proporções alarmantes. Não há como controlar. No clube, tudo bem. Aí, vem viagens, hotéis, restaurantes, o jogo com o contato inevitável e o comportamento de cada um depois que deixa o clube, em sua vida particular. Difícil.