Zico o chamava de santuário dos craques. Aqui Pelé marcou ó milésimo gol, em 1950 Zizinho, o mestre Ziza, já dizia ser ele o nosso maior sonho. 70 anos são passados e lembro até hoje o dia em que entrei pela primeira vez no santuário do futebol. Foi em 1959. Na época o noticiário destacava a presença no Rio de Janeiro do cantor Nat King Cole, do conjunto vocal The Platters e de uma garotinha chamada Brenda Lee que fazia sucesso com a musica Jambalaya.
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Todos estavam no Rio e eu também. Os conheci no auditório da Rádio Nacional. Meu interesse naquele momento era o Maracanã. Domingo a tarde, Fluminense e Vasco, campeonato carioca. Subi pelo elevador e quando as portas se abriram, deslumbrei um mundo fantástico a minha frente com direito a imagem do Cristo Redendor dando a impressão que me recebia no momento em que realizava um sonho.
Foi em 1959, nove anos depois de sua inauguração. Boquiaberto com o que via, deslumbrado com o espetáculo das torcidas e o jogo. Depois de 90 minutos onde todos pareciam craques até em respeito ao tamanho do estádio e vitoria tricolor com direito a uma exibição de gala de Telê (Santana). Hospedado no hotel Recreio da Praça Tiradentes, separei o dinheirinho para paga-lo e escuto no rádio que a Federação carioca sorteio a primeira rodada do retorno do seu campeonato sempre com um clássico aos domingos.
E daí? Eis que novamente Fluminense e Vasco vão a campo. Vi na bolsa o que me sobrava. Ficar mais uma semana para ir de novo ao Maraca me sobraria apenas uma taça de chocolate e um sonho todos os dias como única alimentação. Fiquei para me deslumbrar novamente com o Gigante maior do mundo. Melhor. Nova vitoria do Flu agora com o goleiro Castilho fechando totalmente o gol tricolor. Inesquecível
Eu vi
O primeiro time de Florianópolis a pisar no Maracanã. Foi o Avaí que tomou 5 a 1 do Botafogo. Ao sair do estádio, Mário Vianna dizia a nós da imprensa: “Joga muito aquele pequeninho de vocês”. Era Balduino.
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Vi o dia em que o Maracanã registrou a maior vaia da torcida a um jogador. Julinho Botelho, da Portuguesa Desportos. O alto falante anunciou contra a Inglaterra seu nome ao invés de Garrincha. Foi eleito o melhor em campo com direito a marcar um gol. Foi aplaudido de pé. Eua estava lá.
Ví Pelé marcar o tal gol de placa em Castilho do Fluminense no torneio Rio/São Paulo. Era a melhor defesa contra o melhor ataque do Brasil. O rei driblou quase o time inteiro do Fluminense para marcar o que o jornalista Joelmir Beting chamou de Gol de Placa.
Também vi um Fla x Flu ao lado do então diretor da FCF Pedro Lopes decisivo da Taça Guanabara. 183 mil torcedores. O Maracanã tremia e Pedro Dizia: “Esse troço vai cair”.
Transmiti pela televisão nos anos 70 um Fla x Flu pela TV Cultura com os comentários e Ruy Porto na época o mais consagrado de todos.
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Em 2014, na final da Copa do Mundo em que a Alemanha venceu a Argentina na prorrogação minha posição na tribunal de imprensa ficava bem ao lado de onde a FIFA premiou os melhores do jogo e da copa. Acabei fica bem próximo de Messi eleito o melhor da copa uma escolha que nem ele concordou.
Incontáveis as vezes que fui ao Maracanã até em dias de semana para rodar por dentro dele levando alguém para conhecê-lo. Até vazio, sem público, o estádio é algo assombroso. Conhecí estádios maravilhosos por esse mundo a fora especialmente em Copas. Nenhum com a energia tocante do Maracanã.
O que não vi
O Show de Frank Sinatra. The Voice chegou ao Rio se trancou no hotel passou o dia inteiro ouvindo cantores brasileiros. Duas vozes chamaram sua atenção pela afinação e potencia: Caubi Peixoto e Nelson Gonçalves.
Também não vi o milésimo gol de Pelé em 1969, mas vi deslumbrantes atuações suas com a camisa da seleção.
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Desfile
Além dos craques brasileiros e foram muitos, desfilaram pelo tapete do Maracanã nomes que marcaram época no futebol do mundo: Di Stefano, Puskas, Gighia, Obdulio Varela, Maradona, Beckenbauer, Boby Moore, enfim, aqueles que chamavam a bola de sua excelência.
Hoje, dizem que o Maracanã perdeu um pouco da sua identidade. Não perderá nunca a sua histórica importância. 70 anos depois continua cada vez mais lindo.