A Copa do Brasil nos mostrou nesta quarta-feira um momento de tristeza e que me remete aos velhos tempos do futebol. Diziam os filósofos das antigas como Gentil Cardoso, Neném Prancha, entre outros: “O goleiro é o único que pode jogar com as mãos no futebol. Precisa aproveitar”. Sábia observação. 

Continua depois da publicidade

Em nome do futebol moderno e de uma tal evolução, que nem sempre vimos, transformaram a posição do goleiro em praticamente mais um zagueiro. Ou seja, continua podendo usar as mãos, porém deve saber também jogar com os pés para iniciar as jogadas do seu time, geralmente na pequena área. E temos visto isso, em alguns casos, com alguma habilidade, pois não são todos que se adaptam.

O  técnico Fernando Diniz é muito elogiado, hoje, no futebol brasileiro, por ter iniciado a forma de jogar com habilidade, qualidade, cabeça erguida, posse de bola na saída, obrigando o goleiro a sair jogando. Pois bem, nada contra a qualidade, pelo contrário, o que mais gosto de ver no futebol é um time que tenha habilidade no meio, bom passe, lançamentos, enfim, mas com o goleiro em sua posição.

Este jovem, chamado Hugo, que é bom goleiro e que certamente vai chegar longe, percebe-se, claramente, que não tem nenhuma qualidade para o jogo com os pés. O máximo que pode, e deve fazer, é dar “chutão” tirando a bola dentro da área, quando acontecer. Foi bem nos jogos que atuou, premiado em alguns deles, sempre mostrando qualidade embaixo do gol. Desajeitado, nunca soube sair jogando e se complicou algumas vezes. 

Na quarta feira, protagonizou um lance inusitado que acabou derrotando o Flamengo contra o São Paulo. Tentou driblar um atacante para sair jogando, praticamente embaixo do gol: perdeu a bola e o jogo. 

Continua depois da publicidade

Este lance pode marcar negativamente a sua carreira, principalmente, se o flamengo for eliminado da Copa do Brasil.

O Goleiro Catarinense 

Foto do livro
Foto do livro “Paysandú o mais querido”, de Ricardo Engel e Valdir Appel (Foto: Divulgação)

Entre 1966 e 1972 o goleiro do Paysandu, de Brusque, Valdir Appel, que chamávamos de Chiquinho, foi contratado pelo Vasco.  Preparado para entrar num clássico com Maracanã lotado, Valdir era a sensação do futebol brasileiro, na época, jogando numa cidade pequena de Santa Catarina e conseguindo se fazer notar.

Só para lembrar: Valdir era reserva de Andrada, do Vasco, quando Pelé fez o milésimo gol.

Chegou o dia da estréia, clássico das multidões, Vasco e Flamengo, casa cheia. Valdir é marcado pelo lance mais inusitado do jogo. Jogo difícil e ele fazendo boas defesas. Ainda no primeiro tempo está com a bola nas mãos para repô-la ao jogo. Ao tentar lançar a bola, ela escorregou, saltou de suas mãos e foi para dentro do gol do Vasco. Gol contra do estreante.

Valdir ficou marcado pela derrota na sua estreia e por ter sido ele o autor do gol adversário. Depois correu o Brasil e hoje está há tempos de volta a Brusque. Ele também já escreveu dois livros contando sua história no futebol.

Continua depois da publicidade

É o que o futuro está acenando para o goleiro Hugo: ele deveria se limitar a defender como goleiro e não atacar como zagueiro – coisa que ele não é.