Enquanto os dirigentes pensam como superar a ausência do futebol e a bola não rola há tempo para repassarmos o livro da história do futebol catarinense, por sinal, rico em histórias algumas reais, outras folclóricas que entraram para o anedotário do nosso futebol. Aliás, o futebol do passado em Santa Catarina produziu pérolas que envolveram dirigentes e atletas na época. Recordo algumas:
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O clássico de Brusque
Domingo de Carlos Renaux e Paysandu. Cidade agitada, discussões, rivalidade, preocupação com a arbitragem, semana de burburinho. Na cidade havia um árbitro chamado Orcy de Souza, declaradamente torcedor fanático do Renaux. No início da semana, ele foi cortar o cabelo e se envolveu numa discussão com o dono da barbearia, fanático torcedor do Paysandu.
Acabaram apostando um curió cantador de alto valor financeiro. Na sexta-feira, Orcy voltou ao salão para receber o curió.
– Vim buscar meu curió – disse Orcy.
– Mas como? O jogo é domingo e hoje é sexta-feira? – perguntou o barbeiro.
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– É que ontem à noite a federação escalou o árbitro do jogo – contou o homem do apito.
– E daí? – questionou o comerciante.
– É que o árbitro sou eu… – conclui Orcy.
O dançarino
Alcides era negro, magro, alto, biotipo de jogador de basquete, e atuava como goleiro do Figueirense. Estava numa tarde feliz. Pegava tudo e contava com a sorte: tantas bolas batiam na trave e não entravam. Torcida vibrava no velho Estádio Adolfo Konder. Alcides se empolgou e, de repente, começou a saracotear, pulando feito pai de santo sozinho debaixo das traves. Ninguém chegava perto. Achavam que ele havia sido possuído.
Até que se descobriu a causa de tudo aquilo. Ao bater no canto alto da trave, a bola destruíra uma casa de marimbondos e estes, enfurecidos com a destruição do lar, vingaram-se no grande Alcides, com terríveis ferroadas. O jogo parou e só um tempo depois a torcida ficou sabendo do que aconteceu.
O equívoco do Rubão
O saudoso goleiro Rubens, o Rubão, tem histórias saborosas pelo mundo afora. Em 1962, estava na excursão do Metropol, de Criciúma, pela Europa. O terceiro jogo foi em Zurique, na Suíça. Rubão provocou um reboliço no aeroporto ao entrar inadvertidamente no banheiro das mulheres. A polícia foi acionada e tirou o goleiro de lá, que precisou se explicar.
– Olha lá – defendia-se o atleta.
– Tá escrito “elle”. Elas é que estavam no banheiro errado – completou o jogador.
Desfeita a confusão, explicaram a Rubão que elle, em francês, a língua usada por lá, significa ela, isto é, mulher.
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– Ah é! Eu bem que desconfiava – conclui o goleiro.
O baixinho
Do repertório do pequeno grande Saul Oliveira, técnico do Avaí. Trouxeram-lhe um “mauricinho” para treinar. Chegou cheio de pompa, chuteira engraxada, camisa engomada, brilhantina glostora, óleo Dirce, cheiroso. Apresentou-se e treinou. Não jogava nada. Saul chamou o garoto e perguntou-lhe sobre a família. Ele deu uma completa discrição. Era filho de um milionário da cidade, inclusive amigo do técnico. O garoto arrematou:
– Seu Saul, o meu sonho era jogar no Avaí – disse.
– Pois o meu era ser filho do teu pai – emendou o treinador do Leão.
Toque do Bob
Calendário estadual
Diante do atual quadro que estamos vivendo, o calendário estadual esportivo também está ameaçado. Existem três possibilidades para a execução:
1) Início das competições entre os dias 1º de julho e 5 de dezembro.
2) A organização de sete eventos no período de 2 de agosto a 15 de dezembro.
3) A promoção de quatro eventos, incluindo os Jogos Abertos de Santa Catarina, de 1º de setembro a 18 de dezembro.
Centralização
As propostas envolvem 3 mil atletas e os eventos seriam centralizados em Blumenau. O governo do Estado estuda as sugestões com o Conselho Estadual de Esporte. Pode ser que lá para agosto e setembro a situação seja outra.
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Futebol
Enquanto isso, o futebol vai se preparando para a segunda quinzena de junho ter alguma novidade. Minha opinião: pelo quadro atual e as informações que anunciam dificuldades com a pandemia em junho, penso que bola só volta a rolar na segunda quinzena de julho.
Fatos relevantes da semana
– A volta do ex-presidente do Criciúma, Moacir Fernandes, campeão da Copa do Brasil em 1991.
– A contratação de Ralf, ex- Corinthians, pelo Avaí.
– A nova administração da Chapecoense, tendo a frente Paulo Magro, que aos poucos vai recuperando o clube financeiramente.
– O tratamento sério que os clubes de SC têm dado a pandemia.
– A entrevista do ex-craque e hoje comentarista da Fox Sports, Edmundo, ao Debate Diário.
– O domingo, dia 31, marca a passagem dos 50 anos no ar da primeira emissora de TV em Florianópolis, a TV Cultura. Salve, salve, o saudoso Darci Lopes, incansável em dar à Capital um canal de TV.