Nada mais importante no futebol que o gol. Elementar? Não tanto quanto parece. Há inúmeros técnicos, táticos e estrategistas pelo mundo acreditando que o melhor ataque é a defesa, e que evitar o gol é o objetivo supremo de uma partida. Daí o aumento gradativo do defensivismo que foi tomando conta do futebol ao longo do tempo. Isto passou a acontecer em 1925, com a criação do WM, que praticamente decretou a morte do “atacar sempre”.

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Estou escrevendo sobre isso exatamente porque começamos mais um Campeonato Catarinense e a expectativa de um futebol aberto em direção ao gol é bem razoável. Mas não espere tanto, talvez, por conta do equilíbrio tão citado no Estadual. Os esquemas defensivos que garantem resultados serão observados de um modo geral.

Em uma competição de 12 clubes, em que os oito primeiros classificam-se para a segunda fase sugere que deveremos ter gols a granel o que pode não ser verdadeiro. Nada é pior no futebol do que um escasso 0 a 0. E quando isso acontece, deve-se à incompetência dos atacantes ou a segurança dos defensores. Futebol sem gol é como baile sem música. Um mísero 0 a 0 provoca no torcedor um estado de nervo acentuado, acompanhado daquela observação, “será que é agora?”.

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Vi em 1963 no Maracanã um Fla-Flu sem gols, diante de 177 mil pessoas. Resultado: deu o título da Taça Guanabara ao Flamengo. Mas houve o grande momento. O gol que não aconteceu. Aos 44 minutos do segundo, Gerson, do Fluminense, cobra falta da entrada da área, a bola bate embaixo do travessão, pinga na risca e um zagueiro do Fla deu uma voadora para salvar o Flamengo. O Maracanã tremeu como se fora um gol. Que momento. Foi lindo de ver.

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Gol é o grande momento do futebol. Mesmo sem público, em casa ou onde estiver, o torcedor quer ver a bola nas redes. Por isso, rogo aos técnicos um pouco mais de ofensividade, mais de ataque e menos defesa, afinal, uma partida de futebol para ter dignidade plena precisa ter gol, o grande momento do jogo.

O Campeonato Catarinense está no ar. Rivalidade interna, cidade contra cidade, disputa pelo número maior de títulos conquistados até agora, briga pela manutenção na Série A, o craque, a seleção, a revelação, o técnico, o árbitro, o dirigente, tudo está em disputa. Este é o nosso campeonato.

A grande chance 

A cada ano buscamos encontrar novos valores no Estadual. Este ano a tarefa talvez seja mais fácil. É o ano da juventude, da base dos clubes, do maior aproveitamento da garotada. E quem trabalha bem estas categorias pode se dar melhor. Nem tanto pelo desejo dos próprios clubes, mas pelas condições financeiras de todos no momento. É o ano da base.

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O craque 

O quesito mais difícil que temos encontrado nos últimos anos é a escolha do craque do campeonato. Não houve na real um nome de destaque acentuado. Com tantas contratações, formações de novos grupos, um ou outro investimento maior, é possível que possamos encontrar o craque no atual campeonato com um pouco mais de facilidade. Quem sabe.

Fora de campo 

Parece que este ano os destaques vão estar na pista ou casamata (que termo horrível) dos estádios. São os técnicos. Alguns clubes estão se valendo um pouco mais no nome dos comandantes, o que é um equívoco. Se não formar um time de qualidade, ninguém vai resolver só no nome.

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Olho neles 

Temos bons profissionais. Estou de olho em alguns trabalhos, como o do Hemerson Maria no Criciúma, Vinícius Eutrópio no Joinville, Dyego Coelho no Metropolitano, Paulo Baier no Próspera, entre outros. Quem pode surpreender? Raul Cabral, se tiver condições de trabalho no Juventus. Umberto Louzer, Claudinei Oliveira, Jorginho e Jersinho Testoni estão consolidados nos respectivos clubes.

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Sem público 

Não há nenhuma condição para se pensar em torcida nos estádios no momento. FCF e Associação de Clubes de SC tentaram. A pandemia cresce e por conta do desrespeito de parte do povo, que teima em achar que tudo acabou ou que nunca houve nada, mesmo com os números alarmantes de mortes pelo país. A colaboração que o futebol pode dar neste momento é exatamente fazer o campeonato sem presença de público, mesmo com prejuízos financeiros. Respeito à vida é mais importante. Vacina sim!

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Toque do Bob

Almanaque (1): A NSC TV está veiculando histórias curiosas ocorridas no futebol catarinense ao longo da historia. E em 45 segundos. O que não é fácil! Vale pelo registro. E percebam que evito dar nomes aos protagonistas. Folclore? Sim, mas todas verdadeiras. Às vezes, é preciso registrá-las de uma forma a não deixar mágoas no ar.

Almanaque (2): Não existia cartão na época. Avaí x América, no Adolfo Konder. Um árbitro tido como arrumador de resultados joga a moeda pra cima para dar a saída ao jogo diante dos capitães José Amorim (Avaí) e Vico (América). A moeda cai no pulso, ele põe a mão em cima e, sem ninguém ver, e decreta: “deu coroa, ganha o América!”. E o Amorim diz: “Mas, já começasses ladrão”. Resultado: rua. O Avaí jogou com 10. Amorim foi o único jogador da história que foi expulso antes de o jogo começar.

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Almanaque (3): Clássico pesado em Itajaí, Marcilio Dias x Almirante Barroso. O árbitro tinha a promessa de um fato material para a construção da casa dele. Determinado time tinha de ganhar. Árbitro nervoso, jogo chegando ao fim e nada, 0 a 0. De repente, ele encosta num jogador e diz: “Cai na área”. Ele caiu. Pênalti. O próprio jogador bate e chuta pra fora. Lá se foi a casa. Em cima da hora, o árbitro dá outro pênalti, inexistente claro. Briga generalizada, polícia em campo, ameaça de jogo encerrado, aconteceu de tudo. O pênalti está para ser batido. Vem o mesmo jogador que perdeu o primeiro. O arbitro não se conteve: “Tu não, pô. Já perdesses o outro”.