Frankfurt (Alemanha) manhã de sol, sábado de folga em plena Copa do Mundo de 2006, sentados num bar ao ar livre estavam David Coimbra, Ruy Carlos Osterman e eu. Entre muitas histórias e um chope amigo, esgotamos o assunto futebol. Foi quando David me pergunta: “Robertinho (assim me chamava), me conta alguma coisa da tua carreira no rádio, futebol, enfim”. Contei uma história muito pessoal, dizendo as razões que me levaram a não ser um jogador de futebol profissional, optando pelo rádio. Ela continua sendo muito pessoal e gira em torno de um penalty, meu técnico e minha mãe.
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Está no livro que conta a minha vida e que foi tema de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na UFSC, pela jornalista Georgia Borin, e transformado em livro, pelo jornalista Paulo José da Cunha Brito.
História triste, mas parece enredo de novela mexicana.
David tomou mais uma e se adiantou ao professor perguntando rapidamente: “Posso escrever sobre isso?”. “Sim claro”, foi minha resposta. E foi brilhante como todos os seus textos.
O título era “Na hora daquele penalty”. A crônica em sua página da Zero Hora foi colocada num quadro pelo editor chefe do DC, Claudio Thomaz, e me presenteada na volta da Copa da Alemanha em 2006.
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Coimbra praticamente começou sua carreira em Criciúma, pela Rádio Eldorado. Seu cunhado Glauco Fonseca era o diretor-geral e trouxe o jornalista, que na época formou o departamento de jornalismo. Formávamos na época a RCE-TV de propriedade do empresário Manoel Dillor de Freitas, também comandante da Rádio Eldorado. Em seguida, a Rádio Guararema de São José é adquirida e lá vem o David para colocá-la na rede dentro de um novo projeto que acabou não vingando.
A ordem era fazer da Guararema uma copia da Rádio Gaúcha, ou seja, jornalismo puro – o que faz hoje a CBN/Floripa. Não avançou, e David retornou a Porto Alegre. Nessa passagem por aqui, o jornalista escreveu uma crônica a respeito da Ilha da Magia, mais especificamente, a região de Santo Antônio de Lisboa e Sambaqui. O texto está em um quadro na parede de um restaurante de Sambaqui.
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Amigo, parceiraço, David foi importante nas copas que estivemos juntos. Solícito, sempre me perguntava: “Estás bem? Falta alguma coisa?”. Geralmente, era ele que fazia meu credenciamento junto a FIFA para retirada dos tickets de ingresso nos estádios em jogos do Brasil.
Não saía do hotel sem ligar para o meu quarto me convidando para alguma coisa.
No futebol, tinha fontes especiais. Em Konestein, onde o Brasil concentrou para a minha fase da Copa da Alemanha, armou uma entrevista que ninguém acreditou que conseguiria fazer. Certo dia, desapareceu e só no fim do treino notamos a ausência de Ronaldinho Gaúcho. Passou a manhã com o Coimbra. Inacreditável, até porque atleta só falava com a imprensa em coletiva.
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Família em primeiro lugar, ligava todos os dias para a sua casa. Certa vez, já no estádio, ligou o computador e mandou imagem para a esposa Marcia. Ele ficou narrando o que estava vendo com imagens pelo Skype.
No Japão, com ele, aprendi a tomar sopa usando os famosos “fachis”, ou palitinhos japoneses.
Era comum sentarmos para almoçar ou jantar e ele sempre comigo a solicitar: “Robertinho conta uma historia aí”.
David Coimbra, 60 anos, QI acima da média. Brilhante como jornalista, texto limpo, objetivo e forte em seu conteúdo, qualquer que fosse o assunto. Ele nos deixou vitimado por um câncer, que tirou seu segundo rim.
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Quando residiu nos Estados Unidos, cheguei a falar com ele pelo telefone algumas vezes. Alegre, confiante, otimista por excelência sabia que sairia do problema e até escreveu um livro. Desta vez, não superou o problema.
Deixa sua marca no jornalismo, na vida pessoal, no dia a dia dos colegas e amigos, na sua forma de ser. Por onde passou marcou sua presença.
Precisaríamos de um dia ou mais para contar toda sua história de sucesso. Jamais será esquecido.
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