Meu último Campeonato Estadual fora da mídia foi em 1958, ano da graça do título brasileiro na Suécia e do aparecimento de Pelé para o mundo. Já estava no rádio, na condição de operador de som, e tentando uma vaguinha na equipe de esportes – o que aconteceu no ano seguinte, ainda na condição de técnico de som de externa. Acompanhei toda a trajetória do Paula Ramos, para em seguida estrear como repórter.
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De lá para cá foram 61 decisões como profissional. Inesquecíveis os anos do Metropol, de Criciúma; do Joinville dos anos 1980; de Avaí e Figueirense no início da década de 1970; times como Olímpico (1964), Internacional de Lages (1965), Comerciário (1968) – que virou Criciúma; Ferroviário de Tubarão em 1970, América de Joinville no ano seguinte. Equipes que recordo com o prazer e a lembrança de ter assistido o bom futebol do passado. Quando garoto, época em que pulava o muro para ver um jogo, assisti duas equipes inesquecíveis. Em 195, o Carlos Renaux, de Brusque, e em 1954 o Caxias, de Joinville.
O momento é da Chapecoense. A escritora Eli Maria Bellani retrata bem no livro “O futebol e a ocupação do espaço social em Chapecó” a trajetória da Chape. Do primeiro título, em 1977, contra o Avaí, passando pelo acidente aéreo o que obrigou a formação de um novo time, a Chape chega a mais uma decisão, a sexta consecutiva. Está consolidada no cenário nacional.
Tudo isso é fruto de gestões competentes, participação dos empresários da região, da torcida e de boa visão do futebol. Neste meio tempo o futebol catarinense também cresceu, atualizou-se, profissionalizou-se com gestões competentes e chegou ao cenário nacional onde teve até quatro clubes na elite brasileira.
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Hoje vivemos tempos difíceis e a nossa realidade é outra: apenas a Chape está na Série A do Brasileiro. Dificuldades financeiras, gestões nem tão identificadas com o clube, dívidas aumentando e a pandemia, que está destruindo o mundo. O futebol está sobrevivendo e o nosso campeonato, bem ou mal, chega à reta final.
Devemos celebrar. Conseguimos manter o interesse do torcedor, que mesmo sem poder ir aos estádios manteve a atenção voltada ao time do coração. E há quem quer acabar com os estaduais. As rivalidades das regiões precisam ser conservadas em nome do interesse e da história do futebol.
COM PÚBLICO?
Uma raposa mais que felpuda informa a coluna que há uma tentativa junto ao governo do Estado para que a finalíssima do Campeonato Catarinense tenha a presença de 20% a 30% do público baseada na capacidade do estádio. Não custa tentar.
DECISÃO
Pela quinta vez Chapecoense e Avaí vão disputar o título do Catarinense. O Leão buscou a classificação em Brusque num jogo que foi para a vitória, enquanto o Brusque limitou-se a segurar o empate, que lhe dava a classificação. O futebol puniu o time do Vale, que não foi o mesmo de jogos anteriores.
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ESTÁ PRONTA?
Pergunta na boca do torcedor. A Chapecoense, nossa única representante na Série A do Brasileira, está pronta para a competição? Penso que não. Há uma defesa para ser corrigida e reforçada. Falta-lhe um meio de campo mais robusto, onde a ausência de um armador é sentida. Se Anselmo Ramon sair mesmo após o Estadual, um artilheiro ou atacante de referência precisa ser contratado. Então, faltam por baixo três a quatro contratações.
UMA SEMANA
É o que falta para o início do Campeonato Brasileiro. Nosso Estado tem uma participação significativa. São oito representantes distribuídos nas quatro divisões. Avaí e Brusque vão brigar pela Série A, Figueirense e Criciúma tentarão voltar à Série B e Joinville, Juventus e Marcílio Dias buscarão a Série C. A luta da Chapecoense será pela permanência na Série A. Temos chances de algum acesso? Claro que sim. Já teremos a largada do Brasileiro no próximo final de semana.
GIRO TOTAL
> Decisões (1):
Lázaro Bartolomeu era um árbitro rigoroso. Sargento da Marinha, se consagrou por lances que protagonizou. Em 1959, não havia cartões, Bartolomeu com um minuto expulsou Nelinho, do Paula Ramos, levando-o com o peito até o alambrado sob aplausos da torcida.
> Decisões (2):
Em 1969, Silvano Alves Dias apitou a final entre Comerciário, de Criciúma, e Caxias, de Joinville. Terceiro jogo em campo neutro, em Florianópolis. Colocaram em dúvida sua idoneidade. Final do jogo: Comerciário campeão. Vento sul forte na Ilha. Silvano era fuzileiro naval, saiu do estádio e ficou em baixo dos eucaliptos com a gola do casaco militar fazendo algo meio estranho. O repórter Carlos Alberto Campos percebeu e foi na direção do árbitro, pois dizia-se que ele poderia ter recebido algum dinheiro. Ao chegar perto, o repórter viu que Silvano tentava acender um cigarro, mas o vento forte atrapalhava.
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> Decisões (3):
Alvir Renzi era um arbitro folclórico. Bom tecnicamente e levava os jogos mais difíceis à sua forma de ser, um gozador. Em Chapecó, certa vez, atrasou o início do jogo para dar entrada ao gramado três senhoritas com buquê de flores para entregá-lo no centro do gramado em meio a beijos e abraços e aplausos dos atletas. O ato foi descoberto: Renzi levou as meninas a Chapecó, comprou as flores e armou toda a solenidade. Tempo do folclórico futebol de SC.
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