O mês de junho está terminando e com ele a lembrança das Copas do Mundo que vivi. A mais emocionante, a mais charmosa, a melhor tecnicamente, as dificuldades, as alegrias e as tristezas, curiosidades, enfim. Minha primeira Copa nem contabilizo, pois não durou uma semana. Foi em 1978, quando Walter Abrahão resolveu me levar na equipe da TV Tupi para a Argentina. Tantas foram as dificuldades, da falta de direitos de transmissão a problemas de hospedagem, que voltamos ligeirinho.
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Em 1998, o charme e a beleza da França, com a encantadora Paris. Véspera da decisão, o samba brasileiro invadiu o entorno do Arco do Triunfo, misturando-se com os franceses, que, aliás, já consideravam de bom tamanho chegar à final em casa contra o Brasil. Venceram. A convulsão (?) de Ronaldo Fenômeno atrapalhou nossos planos.
Paris, do passeio de barco que começa na estação da Torre Eiffel e termina na catedral de Notre Dame. Do Stade de France em Saint Dennys, arredores da capital. Da tristeza de termos perdido uma Copa que estava à nossa feição.
Em 2002, a Coreia do Sul me surpreendeu. De tão organizada e preocupada em se mostrar para o mundo, exagerou na segurança e por pouco não fui preso em Seul, pouco antes de um treino da Seleção Brasileira. Fui ao mercado para uma reportagem sobre peixes. Queria saber sobre tainha. Mas como fazer isso. Devo ter ofendido alguém ou infringido alguma lei local. A polícia chegou forte, como se fosse um terrorista. Até sair da situação, imagine o que passei.
No campo, uma Seleção quase imbatível. Pentacampeã. Para comemorar, alguém me chama para uma cerveja com amendoim torradinho. Fui. Só depois descobri que o “amendoim” lá é o nosso bicho de seda.
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A beleza da Alemanha
Correr o país cobrindo a Copa com viagens em trens de luxo foi algo notável. Aqui, uma emoção diferente. Em companhia do professor Ruy Carlos Ostermann, fui visitar uma cidadezinha 15 quilômetros ao sul de Munique, chamada Dachau. Histórico campo de concentração. O motorista do táxi não queria nos levar. Insistimos. Ele foi de cara amarrada, resmungando.
Ruy se apavorou. Tentava acalmá-lo. De repente, no meio do trânsito, parou em frente a um prédio que teria sido local de extermínio. Pois o homem saltou do carro e fez um comício apontando para o prédio até a polícia chegar. Ali, Hitler e cia tinham matado toda a família.
País encantador, lindo, cidades como Colônia, Dortmund, Frankfurt, Berlin e Munique, entre outras, maravilhosas. No campo? Thierry Henry, da algoz França, nos mandou mais cedo pra casa.
Limparam a cidade
Em 2010, Nelson Mandela já estava não só fora da prisão, como se passavam mais de 10 anos do término do mandato na presidência. As autoridades tiraram das ruas os mendigos e tudo que poderia manchar o nome da África do Sul. Fomos eliminados pela Holanda com a colaboração do goleiro Júlio Cesar.
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Johannesburgo, a capital vazia, silenciosa, concentrava os habitantes num shopping. Não sei onde enfiaram o povo. No jogo contra a Costa do Marfim, encaramos -7 °C. Eu e o Juca Kfouri saímos antes e fomos ver o 2º tempo quase inteiro na sala de imprensa. A cidade de Durban, litorânea, onde o Brasil empatou em 0 a 0 com Portugal, me lembrava Florianópolis.
2014: Ah… a Alemanha
No Mineirão, fui o único a entrevistar, na tribuna de honra, o ministro dos Esportes, Agnelo Queiros. Ele descia a tribuna, dei um salto à frente da Sandra Annenberg e do Alex Escobar, que pareciam se dirigir ao ministro, e marquei presença. Na final, no Maracanã, vi o Messi bem pertinho receber o troféu de melhor da Copa, ele mesmo discordando, fazendo sinal de negativo com a cabeça. Esta Copa ficou marcada pelos 7 a 1. Sem comentários.
A melhor Copa
Pode não ter sido para o futebol do Brasil, mas para efeito de cobertura, para mim especialmente, foi a melhor de todas. Moscou e outras cidades onde o Brasil jogou me encheram os olhos de beleza. Meu companheiro Diorgenes Pandini, repórter cinematográfico, foi meu sustentáculo. Câmera exclusiva, facilidade para entramos ao vivo na programação, credenciamento, tíquetes dos jogos, posição nos estádios, hotéis, o povo, tudo funcionou.
Não esbarramos com o presidente Vladimir Putin na Praça Vermelha. Duas vezes ele desceu na praça bem escoltado, circulou, sorriu, conversou, passeou, e em nenhuma das duas vezes estávamos na praça. Presenciamos casamentos ao ar livre, registramos os estádios fantásticos e, na final, França x Croácia, um temporal com direito a trovoadas e relâmpagos. A saída do estádio foi terrível. Entrei em tanta porta de saída que acabei esbarrando com o Gianni Infantino, presidente da Fifa, que me disse umas coisas que até hoje não entendi.
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O pênalti que só Bob viu
Na Copa de 1998 fui o único profissional a ver o pênalti cometido por Júnior Baiano em um atacante da Noruega, em Marselha. Perdemos 2 a 1 por causa deste lance. Minha posição atrás do gol me favoreceu. Bem pertinho flagrei o momento. Entrei no ar na CBN/Diário. No retorno, o aviso:
– Muda de opinião, só tu viu este pênalti. A TV não mostra.
Respondi:
– Se for para dar a opinião do que a TV está mostrando era melhor eu ter ficado aí.
No dia seguinte, uma câmera que não estava no circuito oficial da geradora de imagens mostrou o pênalti claro.
Toque do Bob
– Na Alemanha, fiz a última entrevista com o humorista Bussunda, do Casseta & Planeta. Ele morreu aos 43 anos, de infarto. A CBN/Diário distribuiu a entrevista para as emissoras interessadas do país.
– Em Paris, na esquina da Avenida Champs Elyseés com Place de Concorde, residia o ator Alain Delon, histórico galã do cinema francês. Então, vamos conhecê-lo. Subimos, batemos no apartamento indicado, e estamos esperando a porta abrir até hoje.
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– Na véspera da decisão de 1998, no Arco do Triunfo, em meio ao samba, a polícia chegou com sirenes, motos e carros abrindo a roda e chamando a atenção. Deve ser o presidente da república, pensamos. Parou na frente do Planet Hollywood. Saltou uma cara conhecida, a mulherada gritava, alvoroço, uma loucura. Comentei com JB Telles:
– Conheço ele, acho que estudamos junto.
Em seguida ele apareceu na sacada. Era Arnold Schwarzenegger.