Nove anos depois da inauguração, fui conhecê-lo. Fluminense x Vasco, pelo Campeonato Carioca, com direito a um show do fio de esperança tricolor, Telê (Santana). Fui de novo no domingo seguinte, depois de passar a semana com uma taça de chocolate e um sonho, porque o dinheirinho estava guardado para pagar o hotel e o ingresso do jogo.

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Returno, e a primeira rodada no sorteio dá Flu e Vasco, novamente. E eu lá morrendo de fome, mas me alimentando do gigante e do futebol do Flu, campeão naquele ano de 1959.

Vi Pelé fazer o célebre gol de placa em Castilho, em 1961. O goleiro do Fluminense não havia tomado gol no Torneio Rio-São Paulo. Naquele dia levou três. O rei driblou o time inteiro do Flu. Incontáveis as vezes que fui ao Maracanã.

Vi a estreia de um time catarinense no maior do mundo. O Avaí levou cinco do Botafogo. Na saída encontramos Mario Vianna, ex-árbitro e comentarista da Rádio Globo, que fez o seguinte comentário: “Como joga aquele baixinho, hein?”. Era o Balduino.

Zico chamava o Maracanã de Santuário dos craques. Zizinho, o mestre Ziza, dizia que tremia quando pisava no gramado. Era o palco preferido do Rei Pelé. Vi um Fla x Flu com 183 mil torcedores. Comigo estava o Pedro Lopes, então diretor da Federação Catarinense de Futebol (FCF). Decisão da Taça Guanabara, com Zico no Fla e Gerson no Flu. Pedro comentava: “Se o Flamengo fizer um gol esse troço vai cair”.

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Fantástico é você ir ao Maracanã em visitação num dia da semana, sem jogo. Nelson Rodrigues dizia: “O Maracanã sem público é mexer com os deuses do silencio”. Vi Messi bem perto de nós, na tribuna de imprensa, em 2014, receber o título de melhor jogador daquela Copa, escolha com que nem ele concordou. O alto falante anunciava e ele mexia com a cabeça negativamente discordando do troféu. Aliás, naquela final com a Alemanha, Mascherano foi o melhor em campo.

Maracanã e Asteca, na Cidade do México, são os únicos estádios que receberam duas finais de Copa do Mundo. São 70 anos celebrados e há quem diga que a nova construção tirou um pouco da identidade do gigante. Que nada. A chegada pela Avenida Presidente Vargas, em cima do elevado, quando o gigante aparece, você arrepia. É, sem duvida, o templo sagrado do futebol mundial.

E se o coronavírus não for embora?

A pergunta do título da nota pode ser absurda, mas faz sentido. O contrário também é verdadeiro, até porque devemos acreditar nos nossos cientistas e na medicina, que mostra progressos formidáveis em todas as especialidades. Mas, temos que imaginar todos os quadros possíveis, e um deles seria o mais tenebroso: a permanência do vírus que está tirando vidas humanas, cada vez mais.

Vamos então pensar positivo e acreditar na competência das autoridades. Aliás, algumas no âmbito federal totalmente na contramão das próprias decisões. E se acreditamos, então estamos muito perto de ver a bola voltar a rolar no Campeonato Catarinense.

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Dependemos apenas de Florianópolis, única cidade onde o prefeito adotou uma linha dura, não foge dela. No momento, ele não vê muita chance para algumas atividades, entre elas o futebol.

Plano B: jogos em Palhoça

Os clubes vão lutar até o final para jogar nos próprios estádios, embora tudo caminhe para um plano B: Avaí e Figueirense mandando os jogos no Estádio Renato Silveira, do Guarani, em Palhoça, na Grande Florianópolis. Como a presença de público nos jogos este ano está fora de cogitação, não vejo outra solução para o recomeço. O prejuízo será técnico.