Nos anos 1950, o futebol catarinense engatinhava à procura de um espaço nacional. Vivíamos na aldeia entre dois vizinhos que não permitiam o nosso crescimento, Paraná e Rio Grande do Sul. Em 1959, quebramos o tabu ao eliminar os dois em competição interseleções estaduais. Surgiu a Taça Brasil, e o Hercílio Luz foi nosso primeiro representante. Não fomos bem e voltamos à estaca zero.

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Os anos 1960 foram do Metropol, um time acima da média, comandado pela família Freitas, de Criciúma. Uma nova era nascera no futebol catarinense. De tanto ganhar e pela falta de um Campeonato Brasileiro organizado, que surgiu somente depois, o Metropol parou.

A década de 1970 marcou a retomada do futebol da Capital, após 31 anos sem título, e os surgimentos do Joinville, pela união de América e Caxias, e depois do Criciúma, fruto de uma fusão com o Comerciário.

As décadas seguintes trouxeram títulos nas Séries C e B do Brasileiro, e uma Copa do Brasil. De repente, em um Campeonato Brasileiro Santa Catarina tinha quatro representantes na elite. Surpresa geral. Dúvida, discussão, polêmica e a nossa realidade. Estávamos com representação demais no Brasileirão. Voltamos ao nosso antigo lugar.

Avaí

O campeão estadual não se preparou adequadamente para a Série A do Brasileiro. Priorizou o saneamento financeiro do clube com uma gestão pulso firme, responsável e atenta com base no pagamento de dívidas, que não são poucas. Esqueceu o futebol, sob argumento que não tinha dinheiro. Acreditou que poderia chegar a algum lugar e faz a pior campanha em âmbito nacional. Se em 2015 e 2017 caiu brigando até o final, desta vez já está virtualmente rebaixado. Não é time para Série A.

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Chapecoense

Entre tantas mudanças comuns no futebol, a pior: o afastamento do presidente reeleito após disputa com forte oposição, fato inédito em Chapecó. Dirigentes vindos do futebol gaúcho, troca de técnicos, contratações equivocadas, baixa qualidade do grupo, inchaço na folha salarial, número de funcionários exagerado, obrigando a demissões. Pela primeira vez, a Chape vai terminar o ano com dívida perto dos R$ 35 milhões e o futuro incerto.

Criciúma

Dinheiro não é o problema. E então? Competência, claro. Visão de futebol, falta de paciência para administrar os maus resultados. Um time limitado tecnicamente com uma campanha de altos e baixos que aos poucos afastou o torcedor. A falta de paciência e de um projeto a seguir determinou muitas trocas de técnicos e diretores de futebol. Continua brigando para não cair para a Série C, o que seria um desastre. O São Bento-SP, adversário deste sábado, é jogo para conquistar os três pontos.

Figueirense

Uma mancha nos 98 anos de história. A entrega sob contrato do futebol para a empresa Elephant levou o Figueirense a viver dias de vergonha, humilhação, atraso de salários, falta de respeito e até a inédita ausência num jogo da Série B. Aconteceu de tudo. Processos na Justiça, negociações não esclarecidas, limpeza da conta bancária e, enfim, a retomada do clube com o rompimento do contrato com a empresa. Surge Chiquinho de Assis como figura salvadora que garante a transição e a esperança.

Efeito no ranking

Santa Catarina está prestes a perder, para o Paraná, a quinta posição no ranking nacional de federações da CBF. A conquista da Copa do Brasil pelo Athletico-PR e as campanhas de Coritiba e Operário na Série B contrastam com as trajetórias decepcionantes dos catarinenses. Com isso, SC deixa de ter quatro vagas diretas na Copa do Brasil. Ainda assim, se mantém à frente de estados tradicionais como Bahia, Pernambuco e Goiás.

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Ano fatídico

Tirar lições importantes ou esquecê-lo em definitivo? O ano de 2019 marca uma queda brutal do nosso futebol. Humilhante, diria. O Brasil brinca com Santa Catarina e quase nos compara ao Ibis FC, time de Paulista (PE), cujo slogan de “Pior Time do Mundo”, dá bem a dimensão exata do futebol que andamos praticando.

Como explicar?

Cada torcedor tem a análise própria. Em geral, crucifica os dirigentes, especialmente os presidentes dos clubes. Como vivemos do resultado de campo, o resto é ignorado. Mas é no futebol que o torcedor procura explicações ou uma forma de justificar o desastre do time.

Toques do Bob

::: Figueirense tem a responsabilidade de somar três pontos diante do Vitoria, lá em Salvador, sábado. Jogo aberto.

::: Chapecoense volta à Arena Condá, contra o São Paulo, animada pela vitória em Minas Gerais contra o Atlético-MG.

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::: Domingo, o Avaí visita o Goiás. Depois de mexer muito no time a da decepção de quarta-feira, o técnico Evando parece não saber mais o que fazer. O que vier é lucro.