Pode parecer piada, mas há inúmeros registros na Grande Florianópolis de clientes que se negam a permitir o uso do termômetro infravermelho para ingressar nos estabelecimentos comerciais.
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É espantoso como em pleno 2020 as pessoas ainda caem em fake news. Há casos em que uma simples busca no Google já seria suficiente para derrubar a maioria dos mitos que são diariamente compartilhados em redes sociais e grupos de WhatsApp. E compartilham como se aquilo fosse uma ”informação confirmada”. Aliás, nem daria para chamar algo assim de ”notícia falsa”, já que se é ”falsa”, não é ”notícia”. Mas considerando o usual termo ”fake news”, temos o mais recente alvo nos aparelhos de medir a temperatura corporal, adotados mais amplamente agora, durante a pandemia.
Vem sendo comum nas entradas de supermercados e demais estabelecimentos encontrar pessoas que se negam a ter a temperatura aferida com os termômetros infravermelho. Sim, aquelas pistolas usadas no mundo todo para medir a febre. Tudo por conta de fake news que circulam por aí dizendo que essa tecnologia faz mal, que não deve ser usada na testa, que também pode ser usada no punho, e por aí vai.
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Em Florianópolis os relatos indicam dezenas de situações do tipo registradas entre clientes de estabelecimentos como supermercados e shopping centers. E o mesmo ocorre em clínicas médicas, onde pacientes precisam medir a temperatura logo que chegam na recepção. Ou seja, as pessoas parecem querer acreditar mais em informações sem procedência do que nos próprios médicos ou especialistas em Saúde.
E se alguém duvida que isso está ocorrendo, faça uma busca no Google por ”raio infravermelho”. O próprio buscador já vai entregar nas primeiras opções do autocompletar a expressão ”faz mal”. Isso ocorre devido ao grande volume de pessoas que procuram por essa resposta.
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Então, para poupar o trabalho de todos os céticos: não, a ”pistolinha” usada como termômetro infravermelho não faz mal. E deve ser usada na testa da pessoa, sem prejuízo algum. Recentemente o ”Manual do Mundo”, que é um dos maiores canais brasileiros no YouTube, fez um vídeo muito divertido para esclarecer essas dúvidas.
Mais um em seguida, também bastante esclarecedor, e que explica de forma sucinta como funciona o termômetro infravermelho, inclusive destacando a origem da fake news que mais vem sendo compartilhada sobre o tema:
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Para quem prefere ler:
– A luz vermelha emitida pelos termômetros trata-se apenas de ”uma luz vermelha”, que é inofensiva. Não faz mal algum. Ela serve somente como uma ”mira” para indicar o local onde a temperatura será medida.
– A pistola não dispara ”raios” e nem ”radiação infravermelha”. A radiação em questão, aliás, é emitida pelo próprio corpo humano (e tudo mais que está ao nosso redor). Isso mesmo, a radiação infravermelha é invisível ao olho humano, nós só sentimos ela na forma de calor. A pistola usada como termômetro tem um sensor que capta a radiação infravermelha emitida pelo nosso corpo, e com isso ”mede a temperatura”.
– A medida correta da temperatura deve ser feita na testa. E a pistola deve estar a uma distância correta do corpo (por isso a importância do feixe de luz para indicar o ponto da medição). Usar o termômetro em outras áreas do corpo, como punhos e cotovelos, prejudica a aferição, até mesmo pela interferência de fatores externos. Aliás, quando desconfiamos que uma pessoa está com febre, qual é o primeiro local que levamos a palma da mão? Isso mesmo, é na testa.
– Por fim, digamos que a luz emitida pela pistola fosse desligada. O termômetro, contanto que corretamente direcionado para testa da pessoa, vai continuar captando a radiação infravermelha emitida pelo corpo humano. Ou seja, o aparelho seguiria fazendo a medida da temperatura, independente de ter ou não o feixe de luz.
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E só pra já matar mais um assunto. Talvez o mesmo tipo de pessoa que compartilha que o medidor de temperatura faz mal também seja quem compartilha que a tecnologia 5g é prejudicial. Não vou ficar aqui explicando o espectro eletromagnético, nem falando sobre frequência e comprimento de onda. Vou só recomendar um outro vídeo muito inteligente do canal ”Ciência Todo Dia”, que abordou o assunto.
E por fim, antes de compartilharem coisas nas redes sociais e WhatsApp, certifiquem-se de que aquilo não se trata de um desserviço, algo que muitas vezes pode ser nocivo e prejudicial, mas que é facilmente desmascarado com breves pesquisas. Claro, se a pessoa já partir de um pressuposto, pode ser que o resultado dessa pesquisa só mostre algo que irá comprovar a própria tese. Aí entramos no campo do chamado ”viés de confirmação”. Agora, se a busca for livre de qualquer aspecto tendencioso, a verdade logo irá aparecer.
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