Não adianta reclamar: destino turístico é perrengue em qualquer lugar do mundo. O morador do litoral de Santa Catarina deve sempre cobrar planejamento, boa gestão e investimentos em infraestrutura de seus governantes, mas precisa ter em mente que nós moramos onde os outros tiram férias — e isso tem um preço.

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É evidente que pode-se entrar naqueles discussões intermináveis de capacidade de carga da cidade, perfil do turista e muito mais, algo que já se faz há anos sem andar pra frente, e a situação pouco mudou.

Experimente você ir no verão europeu à Costa Amalfitana,na Itália, e subir a montanha até chegar a Ravello. É um festival de ônibus de turismo e carros que precisam andar em marcha ré para deixar o outro passar nas ruas estreitas. Que tal tentar um lugar no réveillon de Paris, no Campo de Marte, para ver as luzes da Torre Eiffel na virada do ano? Um lugar em algum bistrô ou tranquilidade para chegar? Nenhuma chance. Times Square, em Nova Iorque, da mesma forma. Há quem diga que trata-se da maior furada: passar frio, apertado, não ter vaga em lugar algum para comer e metrô lotado.

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As cinco ou sete faixas das principais avenidas de Los Angeles ficam entupidas de carros na meca do cinema e do entretenimento. É assim todos os dias e piora no período de férias. Claro que o planejamento e os investimentos são necessários, mas serão sempre insuficientes. É uma questão orçamentária e matemática.

Na teoria, o investimento tem que ser proporcional à demanda que ele irá receber. E nós não temos nem dois meses de alta temporada. Exemplo: não há solução para o trânsito na Avenida das Rendeiras, na Lagoa da Conceição. De um lado é duna, de outro lagoa. Aterrar, transporte aquaviário de dez em dez minutos e conexão intermodal para chegar à Joaquina e praia Mole ? Sem chance. Questões ambientais e uma temporada de dois meses de turistas não pagam o investimento.

O caminho ainda segue o de priorizar o transporte coletivo. Mas estamos, nesta área, ainda na idade da pedra. O investimento em planejamento urbano e infraestrutura pode mitigar os congestionamentos do verão, impedi-los, jamais. Os ajustes no Plano Diretor ajudam a logística de mobilidade urbana da cidade. Mas não adianta. Sempre os debates são intermináveis e a discussão está travada. Só o que não para são as construções irregulares.

Há, ainda, a parte do copo cheio. Se falarmos de infraestrutura para a temporada de verão em Santa Catarina, já foi pior em várias questões. Houve época em que grande parte do norte da ilha de Santa Catarina ficava sem água no verão e os apagões de energia faziam parte do calendário extraoficial.

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Atualmente, a queda de energia porque todos vão para o banho no mesmo horário ou desabastecimento pela Casan são mais pontuais. Houve significativa redução, sem dúvidas. Em saneamento, evoluímos pouco. Muito disso devido aos entraves em se chegar ao consenso. O Sul da Ilha que o diga: não se sabe ainda onde lançar o efluente tratado da estação do Rio Tavares. Enquanto isso, é esgoto lançado in natura no meio ambiente.

Enfim, somos um destino turístico que vive a sua alta temporada após um ano pesado onde as pessoas querem aproveitar. Sejam todos bem-vindos. Aproveitem e cuidem de Florianópolis. E, ao morador, fica a reflexão de que moramos em uma cidade fantástica para os padrões brasileiros. E destino turístico em alta temporada representa perrengue, em qualquer lugar do mundo. 

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