Em entrevista exclusiva para a coluna, o ex-presidente Michel Temer disse que há uma “relativa preocupação” com o compromisso fiscal do governo Lula. Ele entende, entretanto, que “as coisas vão se ajustando”. A conversa foi nesta terça-feira (23) após a palestra realizada por ele no Expocentro de Balneário Camboriú, onde ocorre a Logistique, evento que trata de logística e infraestrutura.
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Na entrevista, o ex-presidente respondeu também sobre a harmonia entre os Poderes no Brasil, a atuação do STF, eleições e a polarização política, confira:
Cenário econômico e compromisso fiscal do governo Lula 3
Há uma relativa preocupação, há muita divergência interna no governo, isso gera entre Ministério da Fazenda e alguns setores da própria área política e do próprio governo, isso gera essa espécie de indefinição e incerteza. Eu concordo que há uma certa preocupação, mas a sensação que tenho é que as coisas vão se ajustando, e é fundamental para o Brasil que se ajustem. Que dialoguem internamente entre si para impedir essa espécie de incerteza, que na verdade prejudica o país, porque dificultam os investimentos, sejam eles nacionais ou estrangeiros. Acho que é fundamental um diálogo muito efetivo dentro do próprio governo.
Harmonia entre os Poderes
É preciso manter essa harmonia, não que seja algo que nasceu hoje, porque nasceu lá com Montesquieu, mas é fundamental porque quem está nos Poderes do Estado, seja o presidente da República, no Congresso, Senado ou na Câmara dos Deputados, são autoridades constituídas que precisam prestar obediência ao texto constitucional, porque é ele que revela a vontade do povo. Portanto, se há uma desarmonia, há uma inconstitucionalidade. E, quando há uma inconstitucionalidade no foco jurídico, no foco político há uma desobediência à vontade popular. Agora, devo dizer que, nos últimos tempos, os poderes têm conversado entre si, e eu sou testemunha disso em vários eventos nacionais e internacionais de que eu participo junto com os presidente da Câmara e Senado, e vejo que há um diálogo muito produtivo. Houve momentos lá atrás em que houve pequenas divergências, e creio que elas foram superadas.
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Polarização
Eu costumo fazer uma distinção entre polarização e radicalização. A polarização é fundamental para a democracia, porque é um conjunto de ideias. Já a radicalização é o que lamentavelmente aconteceu nos tempos no Brasil. Brasileiros contra brasileiros e até instituições contra instituições. É a radicalização que precisa ser superada. Mas acho que em face a estas questões, pouco a pouco vai se harmonizando entre si
Eleições municipais X polarização
Não acho que o debate nacional irá prevalecer nas eleições. O grande interesse é nessa polarização ou radicalização, mas o que interessa é o que o prefeito faz pelo seu município. Penso que o eleitor tem que se preocupar com o seu candidato à reeleição ou o que o candidato possa fazer pelo seu município, sem se preocupar com as eleições nacionais
STF tem extrapolado suas funções ?
O que ocorre é que a constituição é muito detalhista e pormenorizada e, portanto, todas as questões de constitucionalidade ou inconstitucionalidade vão parar no STF. E como eu disse, como a constituição é pormenorizada, todas as questões nacionais acabam batendo às portas do supremo. E ele provocado, tem que decidir.
STF fora da regra
Aí eu precisaria analisar caso a caso. O que eu sei é que ele sempre decide de acordo com os termos constitucionais.
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Ouça a entrevista:
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