Independente do mérito, a sessão desta quinta-feira (17) na Assembleia Legislativa (Alesc) escancarou a fragilidade do governador Carlos Moisés no Palácio Barriga Verde. Como bem comentou o colega Raphael Faraco no twitter, poucas coisas restaram tão visíveis quanto o sentimento de mágoa dos deputados para com o chefe do Poder Executivo.
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A evidente fragilidade da causa jurídica, rechaçada até mesmo pelo Tribunal de Contas (TCE-SC) e pelo Ministério Público (MP-SC), passou despercebida, nas poucas manifestações de defesa dos parlamentares, além dos advogados.
As manifestações deixaram claro que estava havendo ali um movimento de repulsa ao governador. Os votos contrários ao governador, realçaram, também, a arrogância e o desprezo de Carlos Moisés pelos deputados. Veio o troco. Chegou-se a argumentar que não foi convidado para almoçar ou para subir em um palanque de evento oficial. Alguns, inclusive ao votar contra, disseram que Moisés é uma pessoa honesta, de boas intenções.
Outra justificativa de voto foi a de que estavam apenas autorizando a investigação. Ora, no caso do impeachment, isso significa afastamento do cargo, e, no caso de ontem, da vice também, o que significa o presidente da Alesc assumir o poder no caso da admissibilidade da denúncia pela comissão mista que será formada na próxima semana. Não é, portanto, apenas substituir um motorista barbeiro para que ele possa aprender a dirigir melhor, como “argumentou” outro parlamentar. É, simplesmente afastar todo um governo e o grupo de maior poder no parlamento assumir o poder em seu lugar. E ponto. Isso fica escancarado na inclusão da vice-governadora tão somente por ter substituído o governador durante poucos dias de férias.
O ponto inquestionável é que, o governador Carlos Moisés paga muito pela sua absoluta inabilidade. Se por um lado é louvável não querer os acertos obscuros que supostamente existiam – a Operação Alcatraz está aí e não é uma miragem -, por outro, o governador esticou demais a corda da antipolítica, negligenciando a importância do diálogo, da governabilidade. Ora, compor não é se corromper. Ceder espaços não significa dizer que se fará ouvidos moucos para as práticas do aliado. É preciso desmistificar isso.
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O fato é que, indiscutivelmente o governador tem uma situação de dificílima reversão no campo político, e hoje a sua única chance encontra-se no judiciário, principalmente no Supremo Tribunal Federal. A tese é razoável – disciplinar o rito do impeachment nos Estados. A questão é que, no tipo de ação impetrada, a repercussão em todos os Estados significa também paralisar o processo de impeachment de Wilson Witzel, do Rio de Janeiro, onde o caso é muito mais grave e a visibilidade política muito maior.
E, não esqueçamos, a corte maior da justiça brasileira é, assim como em todo o mundo, também política.