O setor pesqueiro no Brasil precisa de investimentos e infraestrutura para não colapsar. A opinião é do catarinense Altemir Gregolin, ex-ministro da pasta no governo do PT entre 2006 e 2010, e que está no Grupo de Trabalho (GT) do setor na transição para o governo Lula.

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Gregolin acredita que o país tem condições de se transformar em um grande produtor mundial de pescado e defende a volta do Ministério da Pesca. No governo Bolsonaro, a indústria pesqueira está a cargo de uma Secretaria ligada ao Ministério da Agricultura.

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A coluna conversou com Altemir Gregolin, confira:

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Como está a discussão no grupo de trabalho da pesca na transição do governo federal?

Está indo muito bem. A estratégia adotada é a de conseguir uma ampla participação do setor. Para isso, convidamos lideranças e profissionais de todos os segmentos produtivos da pesca e aquicultura para darem a sua contribuição. Os setores apresentam, nesta sexta-feira (2), um relatório com o diagnóstico das respectivas áreas, relacionando pontos críticos, entraves e recomendações. Queremos entregar ao Presidente Lula uma radiografia do setor com sugestões de ações já para os primeiros dias de governo.

Por que é importante criar um Ministério da Pesca e se a medida não pode ser mal recebida com a tese de inchaço da máquina e mais gasto público?

A criação do Ministério da Pesca foi uma recomendação de um estudo realizado pela FAO a partir de experiências dos maiores produtores mundiais de pescado. No caso do Brasil, a criação do ministério se justifica pela importância econômica e social do setor e principalmente porque o Brasil tem condições de se transformar em um grande produtor mundial de pescado. Para isso, precisa ter um interlocutor forte na Esplanada dos Ministérios com estrutura, orçamento e poder para elaborar e implementar políticas públicas de apoio ao desenvolvimento e atrair investimentos para o setor.
Fazer parte do Ministério da Agricultura, como é hoje, não é garantia de prioridade, ao contrário, lá se disputa orçamento e prioridades com cadeias produtivas muito poderosas como é o caso do boi, frango, suíno, soja e tantas outras.
Em relação a custos, já ficou provado que a redução do número de ministérios tem baixo impacto na redução de gastos. Precisamos pensar grande e com visão de longo prazo. E pensar grande é perceber que o mundo, para 2030, precisará produzir mais 24 milhões de toneladas ao ano de pescado para atender a demanda e que para 2050, precisará produzir mais 50 milhões de toneladas ao ano. E quem produzirá se não o Brasil que é o país que oferece as melhores condições para isso? No cultivo, muito mais que na pesca. Tem a maior reserva de água doce do mundo, uma costa com mais de 8.500 km, espécies nobres, clima favorável e matéria prima para ração. Seremos grandes no pescado como somos no frango, suínos e bovinos. Basta ter ousadia e fazer os investimentos necessários.

Como está o setor em Santa Catarina e no Brasil?

Santa Catarina tem o maior polo pesqueiro do país localizado em Itajaí e uma pesca artesanal muito importante. É também o maior produtor na maricultura e o quinto maior produtor de peixes cultivados. No Brasil, a piscicultura cresce a um patamar acima da média mundial, com destaque para a tilápia que cresce 10% ao ano e já colocou o Brasil como quarto maior produtor mundial, perdendo apenas para a China, Indonésia e Egito. Em 2021, aumentamos em 78% as exportações de peixes cultivados e neste ano, até o mês de setembro, o aumento foi de 49%. E temos também a produção de camarão que cresce em produção e exportações.

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Alguma política do ex-secretário executivo da pesca e senador eleito por SC Jorge Seif será mantida?

Estamos, na Transição, fazendo o levantamento dos programas e ações desenvolvidas e ouvindo o setor. Evidentemente, ações apontadas como positivas pelo setor, devem ser mantidas. Mas, sem dúvida, o maior gargalo evidenciado, é a falta de orçamento e de estrutura da secretaria de pesca, que resulta em baixíssimos investimentos no setor. Isso precisa ser resolvido, sob pena de colapsar o setor.

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