A decisão do Estado de Santa Catarina de manter a antecipação da 2ª dose da vacina da AstraZeneca contraria recomendação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Organização Mundial de Saúde (OMS), Plano Nacional de Imunização (PNI) e das Sociedades brasileiras de Imunizações (SBIm) e Pediatria (SBP). O colega Raphael Faraco informou, nesta quarta-feira (14) da orientação da Saúde (SC) para, quem puder, antecipar em duas semanas a segunda dose da Astrazeneca contra a Covid-19. O intervalo caiu de 84 para 70 dias.
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Embora a bula da vacina aponte a possibilidade da 2ª dose ocorrer entre a 4ª e a 12ª semana, os especialistas apontam que quanto maior o intervalo, melhores serão os resultados em redução de internações e mortes.
A Fiocruz publicou uma recomendação indicando que estados e municípios mantenham o intervalo de 12 semanas de aplicação da segunda dose da vacina de Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19.
Uma Nota Técnica conjunta da Sociedade Brasileira de Imunizações e pela Sociedade Brasileira de Pediatria, foi divulgada nesta terça-feira (13). O texto apresenta a experiência de países que adotaram a opção de maior intervalo e o resultado foi positivo. São os casos do Reino Unido, Canadá, França e Alemanha.
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Confira trechos do documento:
A estratégia de estender para 12 semanas o intervalo entre as duas doses das vacinas AstraZeneca (AZ) e Pfizer não é uma iniciativa isolada do Ministério da Saúde do Brasil, mas sim uma estratégia adotada por diversos países em situações em que havia necessidade de acelerar o processo de vacinação e uma oferta limitada de vacinas. A decisão baseia-se no racional de que, em um cenário de estoque limitado de doses (como é o caso do Brasil), ao estender o intervalo, é possível acelerar a vacinação e assim, alcançar mais rapidamente uma proporção maior da população com pelo menos uma dose, antecipando desta forma a proteção de um maior número de pessoas.
… em países que adotaram a opção de maior intervalo entre as duas doses da vacina Pfizer (Reino Unido optou por 12 semanas de intervalo entre as doses, Canadá quatro meses, França e Alemanha seis semanas), o cenário foi propício para este tipo de análise.
Na Escócia, a efetividade da vacinação após uma dose da vacina AZ/Oxford foi de 88% e após uma dose da vacina Pfizer foi de 91%.
Não foi observada, neste estudo, no período de análise, diminuição da efetividade com o passar das semanas após a primeira dose da vacina (nem com Pfizer e nem com AZ)
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Em resumo, os dados do estudo fornecem evidências de que, após a implementação das primeiras doses das vacinas de RNA mensageiro (Pfizer) e de vetor viral (AZ/Oxford), dramáticas reduções nas internações hospitalares devido à COVID-19 em adultos de alto risco na Escócia foram observadas.
Em outra análise na Inglaterra a vacinação com uma única dose da vacina Pfizer ou AZ/Oxford foi associada a redução significativa nos casos de COVID-19 em idosos, com uma proteção ainda maior contra formas graves da doença.
Ainda na Inglaterra, demonstrou-se que adultos infectados pelo SARS-CoV-2, três semanas depois de receber uma dose da vacina Pfizer ou AZ/Oxford apresentaram 38% a 49% menos chance de transmitir o vírus para seus contatos domiciliares do que pessoas não vacinadas, o que antecipa a possibilidade de impacto na transmissão do vírus na comunidade
Evidências de efetividade com o intervalo estendido já existem para a variante Delta (B.1.617.2) observadas no Reino Unido (RU) e no Canadá . No estudo inglês, observou-se proteção elevada contra hospitalização após a primeira dose, de 71% e de 94%, com as vacinas AZ e Pfizer respectivamente.
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É evidente que, num cenário em que não houvesse estoque limitado de doses, a estratégia de postergar a segunda dose das vacinas poderia ser reavaliada, no entanto, infelizmente, este não é o caso do Brasil e de muitos outros países neste momento
Do ponto de vista programático e de saúde pública, a decisão da extensão do intervalo entre as doses, em cenários de escassez de vacinas, tem como motivador a antecipação da proteção de maior parcela da população e consequente redução das mortes, hospitalizações e morbidade associada a esta doença. Os modelos de impacto e efetividade dessa estratégia demonstram benefícios associados à extensão do intervalo da vacinação em todos os cenários avaliados .
A Organização Mundial da Saúde (OMS) em 15 de junho, deixou claro que a estratégia de extensão de prazo de doses de vacinas deve ser utilizada em países que ainda não atingiram altas taxas de cobertura vacinal nos grupos prioritários e que estão experimentando uma alta incidência de casos de COVID-19 combinados com restrições de fornecimento de vacinas.
A OMS recomenda, ainda, que esses países se concentrem em alcançar uma alta cobertura com a primeira dose nos grupos prioritários, estendendo o intervalo entre as doses até 12 semanas.
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A Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive-SC) informa que a medida tem o “intuito de organizar o processo de vacinação e de evitar o atraso no período recomendado para a aplicação das doses deste fabricante”.
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