O colunista Anderson Silva perguntou a mim e à Dagmara Spautz, no encerramento do programa SC Connection da Rádio CBN desta quarta-feira (10), se nós víamos relação entre as ações de Carlos Moisés de enfrentamento à pandemia com o julgamento do impeachment, marcado para o dia 26 de março, na Alesc. Eu disse que sim, inclusive mais cedo, no CBN Total, havia comentado que a prorrogação das regras vigentes priorizaram muito mais a governabilidade e a harmonia do que o enfrentamento direto à pandemia.
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O centro administrativo parte da ideia de que qualquer que fosse a medida adotada haveria crítica, só mudaria a origem dela. Com a manutenção do que já existia e mais a restrição de bebida alcoólica depois das 21h para consumo no local da venda, o Estado segue na contramão do que apontam os epidemiologistas.
Deste modo, agrada aos parlamentares ligados ao setor produtivo, as entidades empresariais e , creio também, a maioria dos trabalhadores do setor privado que teme, de forma absolutamente legítima, perder o emprego. Escolhendo de onde parte a crítica, Moisés mantém a governabilidade e não se vê pressionado por aqueles que têm influência no seu futuro político.
Com as medidas consideradas tímidas pelos infectologistas e pesquisadores, o governo aposta alto justamente no momento mais grave da pandemia em Santa Catarina, o que pode custar a vida de muita gente.
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A solução definitiva é a vacina, que vem em ritmo de tartaruga. Lockdown é ferramenta forte com resultado prático. Não é solução definitiva, mas o suficiente para provocar, no curto prazo, a redução de contágio, internações e mortes, desafogando o colapso do sistema hospitalar catarinense.
Empresários e trabalhadores do setor privado se assustam com a ideia, o que é plenamente compreensível. O governo acredita que não é viável estabelecer um complemento ao auxílio emergencial, como dez estados criaram desde o início da pandemia. O cenário sanitário é o pior possível. Nesta quarta-feira não havia mais ponto para puxar oxigênio na UPA de São José. Quem precisa, está tendo que esperar abrir uma vaga.
Os catarinenses esperam que esse pesadelo termine o quanto antes. Infelizmente, sem o suficiente de vacinas e com o ritmo atual de transmissão, não há como esperar algo positivo para os próximos dias.
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