O deputado estadual Bruno Souza (Novo) reagiu após ter sido chamado de "idiota" pelo ex-governador Raimundo Colombo, que está entre os 26 que foram citados com recomendação de indiciamento no relatório da CPI da Ponte Hercílio Luz.

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Confira a nota do parlamentar:

"EU DISSE QUE NÃO SERIA FÁCIL!

1. Mexer no vespeiro da Ponte Hercílio Luz tem seu preço! Como um ex-governador, Raimundo Colombo, pretende me processar por fazer o meu trabalho de fiscalização das obras da Ponte?

2. Tudo começa com um trabalho de oito meses que resultou nas 1842 páginas do relatório final da CPI da Ponte Hercílio Luz. Ao todo, são 26 políticos, funcionários públicos, pessoas jurídicas e empresários indiciados no relatório final. O ex-governador Raimundo Colombo é um desses.

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3. Após publicação do relatório final, Colombo alegou que este teria sido feito por um “idiota”. Sinceramente, me pergunto quem seria o “idiota” para ele. Seriam os servidores do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas que prestaram assessoria técnica durante oito meses de trabalhos? A assessoria da Assembleia que conduziu oitivas de 40 testemunhas? Os membros da Comissão que até agora viabilizaram toda a investigação? A verdade precisa ser dita: atacar a CPI não é atacar a mim, mas um trabalho realizado por toda uma equipe.

MAS AFINAL, POR QUE RAIMUNDO FOI INCLUÍDO NA CPI?

4. Vejo alguns questionando a inclusão do ex-governador Raimundo Colombo na lista de indiciados. Afinal, não teria sido ele o governador que rompeu o contrato com o Consórcio Florianópolis Monumento, o que permitiu a contratação da empresa que enfim irá entregar a obra? Alguns já chegaram até a falar em “escorregada” da CPI, ou que o relatório foi injusto com o ex-governador, como se a CPI tivesse feito um ótimo trabalho, mas tenha errado neste ponto.

5. Primeiramente, esclareço que ninguém foi indiciado com base em opinião pessoal ou achismos, mas em fatos, documentos e evidências. De um lado então, temos a uma versão, defendida pelo ex-governador e alguns simpáticos a ele, baseado em “achismos”. De outro, está uma equipe que, com rigor técnico, estudou a fundo os fatos. E já que temos os fatos, vamos a eles:

6. -O Consórcio Florianópolis Monumento foi contratado em 2008 para entregar a Ponte em 2012. Quando Colombo assumiu em 2011, como lidou com essa bomba relógio? Em vez de desarmar a bomba, em 2012, assinou um aditivo para prorrogar o contrato com essa empresa por quase 1000 dias (!)- isso, claro, sem perspectiva nenhuma de entrega (conforme relatórios da supervisão da obra e depoimento de diversos envolvidos no caso). Trata-se de uma grande obra arquitetônica cujo (não)funcionamento prejudica milhares de catarinenses que vivem na região (!).

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7. -Não bastassem os atrasos, havia um detalhe especial no contrato com o CFM: era de conhecimento geral que a Construtora Espaço Aberto não possuía condições de conduzir a obra – por isso concorreu na licitação junto com a empresa americana CSA. Por volta de 2011 a CSA simplesmente saiu – e Colombo foi avisado pessoalmente pela administradora da CSA deste feito. Ora, se qualquer um dos que leem esse texto estivessem no cargo e fossem informados da ocorrência acima, por certo rescindiriam o contrato naquela oportunidade – e não somente em 2014 quando a sangria já estava desatada. A rescisão, portanto, não foi um ato heroico do Ex-Governador – pelo contrário, veio tarde.

8. -Portanto, rescindir um contrato com uma empresa que durante os TRÊS PRIMEIROS ANOS do seu mandato não prestou o serviço para a obra a que tinha sido contratada não é mérito algum. Romper o contrato foi apenas o inevitável: não havia mais o que fazer. E a demora do rompimento do contrato custou caro aos catarinenses. Muito caro.

9. -Não bastasse tudo isso, o Governo Colombo ainda concedeu em 2012 um empréstimo (através do BADESC) de quase 10 milhões de reais para a empresa. O que foi dado em garantia? A própria obra da Ponte Hercílio Luz (que já estava virtualmente abandonada)!

10. Após este trabalho, durmo de consciência tranquila por ter desempenhado um trabalho sério à sociedade catarinense no caso da Ponte. No final, foi por um simples motivo que concorri a deputado estadual: ir atrás da verdade, doa a quem doer. No que depender de mim, este compromisso está mantido. Espero contar com cada um de vocês que também escolhem o caminho certo, mesmo que não seja o mais fácil".

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