A decisão que autoriza a doação de sangue por homens gays, tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 9, preocupa o diretor do Hemosc, médico hematologista Guilherme Genovez. Para o profissional, a transfusão de sangue não é uma prática 100% segura: “A grande segurança é obtida através do teste e das entrevistas clínicas, que servem para suprir as deficiências dos testes sorológicos”, explica o médico.
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Segundo pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, a prevalência do vírus HIV entre Homens que fazem sexo com homens (HSHs) em São Paulo foi de 15,4% —cerca de 450 vezes superior à encontrada entre os doadores de sangue, que é inferior a 0,03% (Hemocentro de Ribeirão Preto-SP). A informação é a da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular.
“Para os casais homoafetivos estáveis não há problema. A decisão judicial não se discute. Se há algum equívoco, será corrigido. A nossa preocupação é que isso possa trazer um dano irreparável para algumas pessoas”, explica Genovez.
O Ministério da Saúde já encaminhou, na última sexta-feira (12), uma circular em que orienta pela retirada da pergunta ao doador sobre a prática sexual entre homens como fator identificador de inaptidão.
“O problema é a janela imunológica. O HIV, por exemplo, é detectado após o nono dia de contágio, mas a partir do terceiro dia a pessoa já está transmitindo. Nesse período, a pessoa pode transmitir e o Hemosc pode não detectar por limitação técnica. A questão não é o direito de doar, o direito que se impõe é o da pessoa que está doente e que precisa da doação, e que ela receba a transfusão mais segura possível. Não é uma questão de discriminação social, é uma questão de prevalência”, finaliza.
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Acompanhe a entrevista:
Ruy Espíndola, advogado constitucionalista e Presidente da Comissão de Direito Constitucional da OAB-SC, em entrevista ao Estúdio CBN Diário, elogiou a decisão do STF. Confira a entrevista: