Precursor do turismo profissional em Florianópolis, Antônio Pereira Oliveira diz que as costumeiras indicações políticas para comandar o setor prejudicam a atividade. Ele aponta que nos falta uma política de estado para o desenvolvimento planejado do turismo e afirma que os planos e estudos contratados foram esquecidos. 

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A coluna recebeu a mensagem de Pereira após o texto publicado no sábado (19) com a manchete “SC tem cidade turística que não quer o turismo”.

Antônio Pereira Oliveira nasceu em 1943 em Florianópolis, formou-se em Direito pela UFSC em 1967, e atuou como professor em faculdades particulares de turismo. É autor de dois livros: Turismo e Desenvolvimento – Organização e Planejamento e A História do Turismo em Florianópolis – narrada por quem a vivenciou.

Em 1963 fundou a primeira agência de viagens de Florianópolis, a Ilhatur.

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Leia o que disse o professor em mensagem encaminhada à coluna:

O problema, de todas as cidades já turísticas e daquelas que desejam ser, é terem como responsáveis pelo setor pessoas que conhecem do “mètier”. São indicações políticas, partidárias. Um processo de organização e desenvolvimento do turismo em uma localidade não é um projeto de governo, mas de estado. Leva anos para se concretizar e tem que ter continuidade durante os governos seguintes, por isso tem que ser política de estado. Exemplo: Gramado que teve a sorte de eleger um prefeito por 4 vezes, de forma alternada, e que sabia o que devia fazer.

Eu fiz dois cursos de Organização e Desenvolvimento de Turismo, um em Turim e outro em Palma de Maiorca, e atuei como professor destas matérias nas diversas faculdades de turismo em Florianópolis e na Univali durante 20 anos, além de já ter visitado mais de 80 países, desde 1967, como Agente de Viagens. Me arrepio quando vejo as indicações dos secretários de turismo em Florianópolis.

O Brasil tem 5.568 municípios, mais da metade tem condições mínimas para desenvolver uma atividade turística, porém 20% conseguem e cerca de 10% tem um responsável que conhecem o que é turismo. Eu participei de um Plano Regional de Turismo dos três estados sulinos, patrocinado pela Sudesul. Se o plano tivesse sido levado à sério, hoje teríamos uma região brasileira, plena de atrações, super organizada turisticamente desenvolvida.

Na época, o Secretário de Turismo nomeado foi um ex-politico, cartorário em Lages, que simplesmente abandonou um plano elaborado por duas empresas especializadas no assunto, uma espanhola e outra brasileira. O plano custou somente U$ 500 mil. Eu tenho a cópia da Ordem de Serviço.

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