A coluna teve acesso ao conteúdo da reunião que tratou da crise na saúde pública em Santa Catarina. Na última quinta-feira (14), o encontro da Câmara Técnica que assessora a sala de situação de crise discutiu a alta procura por atendimentos na rede e o aumento de casos de doenças respiratórias, provocando falta de leitos.

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Participaram da reunião o superintendente de vigilância em saúde, Eduardo Marques Macário; o secretário da saúde (SC), Aldo Baptista Neto; o secretário adjunto, Alexandre Fagundes, e representantes de associações como Associação Catarinense de Medicina (ACM), Conselho Regional de Medicina (CRM), Sociedade Catarinense de Pediatria (SCP), Conselho Regional de Enfermagem (Coren) e a Superintendência de Hospitais Públicos do Estado.

Foi discutido o aumento dos casos em crianças de Covid-19, Influenza, Vírus Sincicial respiratório e outras infecções respiratórias que têm gerado intensa procura pelos serviços de pronto atendimento e emergências, assim como a necessidade de hospitalização em leitos de enfermaria e UTI pediátrica e neonatal.

Houve questionamento da SES sobre a dificuldade em contratar pediatras e se a causa era a baixa quantidade desses especialistas no mercado de trabalho. Os representantes da SCP, ACM, CRM citaram que não faltam pediatras, atualmente há mais de 1700 médicos dessa especialidade com inscrição regular em Santa Catarina.

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Um dos fatores apontados como dificuldade para contratar pediatras é a precariedade das relações de contratação em processos seletivos temporários, terceirização e até mesmo quarteirização. A baixa remuneração oferecida e a falta de direitos trabalhistas nessas modalidades afastam, segundo eles, os profissionais habilitados. A ausência de concurso público e planos de carreira é outro fator preponderante. Na mesma linha, o representante do Coren citou que profissionais capacitados de enfermagem acabam sendo desvalorizados pelos mesmos motivos. Muitas vezes essas vagas acabam sendo preenchidas por profissionais não especialistas.

Também foi apontado pelo CRM a falta de pediatras na rede básica, principalmente no município de Florianópolis. Motivo pelo qual as famílias procuram os serviços de emergência.

O aumento da população aliado à falta de investimento na abertura de novos serviços de atendimento à população pediátrica foi lembrado como motivo da saturação do Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG).

Os especialistas apontaram que estamos passando por uma situação jamais presenciada em que os números de atendimentos estão em níveis nunca vistos em anos anteriores.

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Desde fevereiro de 2022, quando todas as crianças e adolescentes voltaram às aulas presenciais, houve o aumento dos casos respiratórios. Porém, conforme a população foi deixando de fazer uso de máscaras, segundo os presentes na reunião, essas doenças respiratórias se elevaram de maneira elevadíssima.

A Secretaria da Saúde (SC) anunciou na última sexta-feira (15) medidas para ampliar o atendimento pediátrico no estado. Entre elas, a suspensão de férias e licenças de equipes – medida válida para o Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis – e a ampliação de 122 leitos de UTI e retaguarda para o atendimento infantil.

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