Estamos em um buraco. Em condições normais de temperatura e pressão, era de se esperar uma união nacional com governo federal, estados e municípios num plano de enfrentamento à pandemia. Nunca houve nada nem parecido com isso.  A marca da gestão pandêmica é uma combinação de desarticulação, interesse político e negar o que já se sabe que funciona, como distanciamento social, higiene das mãos e uso de máscara.

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Mas o pior e até  macabro ainda estava por vir. Após a divulgação da eficácia geral de 50,38% da vacina Coronavac pelo Instituto Butantan, o que se viu é algo que será lembrado num futuro, talvez nem tão distante assim, como emblemático para marcar o quanto muitas pessoas acreditam em asneiras absolutas que são ditas sem filtro nas redes sociais ou praticam a pura maldade.

As próximas gerações vão ler nos livros de história, espantadas, com o comportamento de autoridades e seus seguidores que comemoraram a “baixa eficácia” de uma vacina. E mais grave do que isso: criando, assim, uma desconfiança ainda maior no imunizante e desestimulando as pessoas a buscar a vacina após a mesma ser disponibilizada.

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O governador João Dória, com olhar em 2022, criou uma expectativa grande quando da divulgação dos 78% (exatos 77,96%) de eficácia nos  casos leves da doença. Houve, de fato, uma frustração com os 50,38%. Mesmo assim, o que se faz nessas horas quando não somos imunologistas e tampouco epidemiologistas?

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Vamos  ler e ouvir o que dizem esses especialistas, claro. E o que se vê é a unanimidade: a vacina é segura e vai salvar vidas. Mas há quem prefira se informar em grupos de WhatsApp e pelas redes sociais. Aí é que está a nossa tragédia.

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O fato concreto é que eficácia geral de 50, 38% não quer dizer que a vacina tem 50% de chance de dar errado. Na verdade, ao tomar a vacina você terá 50,38% de chance de não desenvolver a Covid-19,  78% de chance de não precisar de atendimento médico algum e 100% de não precisar ser hospitalizado ou ir para a UTI.

Qual a dificuldade de entender isso? 

Em 1904, quando da revolta da vacina, dá-se um desconto pelo fato de que o acesso à informação era precário. Mas hoje isso é injustificável.

Ou melhor, só uma sociedade doente e repleta de falsos espertos ou a  má-fé mesmo,  para reproduzirmos algo parecido.

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