O momento em que Santa Catarina se encontra no enfrentamento da pandemia exige mudança de postura dos governantes e da população. O aumento da ocupação dos leitos hospitalares, o colapso no atendimento no oeste e a quase saturação dos leitos disponíveis na Grande Florianópolis apontam para um cenário em que o Estado não havia enfrentado ainda. Além disso, a nova cepa da Covid-19 já está entre nós, com casos confirmados, mas não sabemos exatamente, ainda, a dimensão da presença dessa variante que tem um poder contaminante maior.

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Existem outros fatores, ainda, que merecem atenção. Estamos no final do carnaval, com registros pelo Estado de aglomerações e desrespeito aos protocolos e grande fluxo de turistas. O resultado disso veremos nas próximas duas semanas. Há uma grande diferença sobre o momento pré-réveillon quando o governo flexibilizou atividades, como 100% de ocupação de hotéis, parques aquáticos e até baladas em nível grave. 

A única semelhança com o período é o grande fluxo de turistas. Mas, diferentemente do réveillon, agora, já há colapso em saúde, nova cepa e a volta presencial às aulas justamente no período em que esperam-se os impactos da movimentação de carnaval. É um cenário bem diferente e mais complicado.

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Os epidemiologistas esperam dias difíceis e agravamento da pandemia. De um lado, mais pessoas estão se cuidando menos. De outro, a perspectiva é de uma combinação terrível: os reflexos do carnaval justamente na volta às aulas.

O governo insistia, até então, na tese de que regulamentar é melhor do que fechar e estimular os eventos clandestinos e privados. Para o período da virada do ano, dá para dizer que até funcionou, não houve o colapso previsto em janeiro. O necessário, no momento, é conter a propagação do vírus. Se as pessoas não estão se cuidando como antes, para evitar uma tragédia, algo precisa ser feito. 

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É preciso compensar o movimento gerado com a volta às aulas. Vamos reduzir onde o fluxo de gente e o contágio para tentarmos comprometer o mínimo possível o retorno tão importante aos estudos presenciais?

Educação presencial passou a ser serviço essencial. Neste sentido, preservar as aulas é prioridade, mas será preciso, ao que tudo indica, reduzir a movimentação em outro eixo. É matemática. Toda a atividade se julga essencial, para quem depende dela para o seu ganha pão é mesmo, ainda mais quando a ajuda dos governos não chega. 

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É triste, mas a realidade está imposta: é preciso fazer escolhas, mesmo que duras. Responsabilidade dos governantes. O secretário da Saúde (SC), André Motta Ribeiro, afirmou que “não é questão de ter mais regras, o problema é que elas não são seguidas”. 

O fato é um só: é preciso reduzir a velocidade de propagação do vírus. Até porque, a solução, de verdade, é a vacina. E, neste aspecto, estamos devagar. O infectologista Rafael Oselame, que conversou com a coluna, disse que “as pessoas não acreditam mais em nada, infelizmente só passam a acreditar quando morre alguém na família ou próximo”. 

Evidente que, não havendo capacidade de suporte hospitalar, teremos recuo na volta às aulas. O pior dos mundos e de uma incoerência sem tamanho. As baladas, festas particulares, desrespeito às normas e aglomerações em várias atividades comprometem a volta às aulas de forma segura. Se nada mudar, ao que tudo indica, infelizmente, a volta às aulas será um voo de galinha. Será que crianças e adolescentes terão que pagar a conta pela irresponsabilidade dos outros ?

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