Há razões mais fortes do que apenas a espera da análise dos direitos políticos do autor do pedido de impeachment contra Carlos Moisés, Ralf Zimmer Júnior, para explicar o motivo pelo qual não houve a leitura da representação com a abertura do processo na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), nesta terça-feira (28), conforme expectativa inicial.
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Existem várias leituras sobre o caso. A primeira delas é a articulação do governador em busca de apoio. O governador fez contatos com senadores, ex-governadores e lideranças políticas em busca de apoio. Houve um aceno positivo, com a condição de livrar Moisés do afastamento desde que este não busque a reeleição em 2022.
Outro ponto é que esses apoios, claro, poderiam ampliar a base, hoje pequena, e, assim, com os 14 votos necessários para barrar o impeachment, não haveria motivo para abrir o processo provocando o desgaste de quem o defende.
Entidades fortes do setor produtivo como Fiesc e Facisc já manifestaram que um processo desse impacto, ainda mais agora quando o Estado enfrenta uma pandemia e trabalha para a preservação de vidas e empregos, seria prejudicial a Santa Catarina.
É fato que um impeachment é um movimento da articulação política. Mas ele precisa, no mínimo, de um verniz de legalidade para ter legitimidade. As manifestações do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e do Tribunal de Contas (TCE) de que o ato de equiparação salarial entre procuradores de Estado e procuradores da Alesc não teve a participação de Carlos Moisés enfraquecem o embasamento jurídico, até então, do impeachment.
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Moisés ganhou mais tempo, não se sabe quanto, para criar uma base capaz de mantê-lo no poder. O tempo dirá se foi suficiente.