A pressão política e de segmentos organizados da sociedade civil acelerou a decisão sobre a liberação do uso das máscaras nas escolas para crianças até 12 anos. O movimento neste sentido inicia com o projeto de lei apresentado pelo deputado estadual Bruno Souza (Novo) e que prevê o fim da obrigatoriedade.

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O grupo Pais pela Educação, de Florianópolis, também levantou essa bandeira e colocou, na última semana, outdoors espalhados pela capital. Na sequência, a vice-governadora Daniela Reinehr (PL) se manifestou nas redes sociais em apoio pela desobrigatoriedade.

Mas a fervura no debate ocorreu após as inúmeras festas privadas de carnaval  sem respeitar protocolo algum, ao contrário do que prevê a regra estadual. O fato provocou desconforto no governador Carlos Moisés. O protocolo “Evento Seguro” não é mais uma obrigação, apenas uma recomendação. Nele, consta o passaporte da vacina, mas só o segue quem quiser.

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Mas o uso da máscara segue obrigatório em eventos fechados, permite-se a retirada apenas para beber e se alimentar.

Claramente o que se viu nos festejos carnavalescos e pagos foi que caso alguém fosse visto de máscara, ou era trabalhador (garçom ou segurança) ou poderia ser confundido como fantasia de carnaval. O mais comum é que a imensa maioria não usou. Este foi o gatilho que culminou no decreto.

A nova regra foi comemorada por muitos pais como título de campeonato. Ele já estava por acontecer, mas foi precipitado pelo contexto da pressão política e movimento dos pais. Os especialistas apontam que o ideal era esperar um pouco mais. O epidemiologista Pedro Hallal  considera que o ideal era aguardar os reflexos do carnaval. O infectologista Julio Croda, da Fiocruz, acredita que o carnaval não irá provocar uma nova onda de Covid.

O receio deste colunista é que a medida tenha sido adotada antes da hora. Não haveria mal nenhum em esperar os reflexos das aglomerações no carnaval, em consenso com a área técnica da saúde.

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Importante destacar, entretanto, que sempre que o Estado tomou a medida de avançar na retomada, com a volta presencial parcial e depois integral, e o fim do distanciamento, as áreas técnicas da saúde  também foram contrárias. E os resultados foram plenamente satisfatórios.

Muito curiosa, também, foi a explicação do secretário da Saúde (SC), André Motta Ribeiro, nas justificativas do decreto. Ele aponta todas as evidências científicas e a importância das máscaras, fala em recomendação e sugere a desobrigação para crianças até 12 anos. Ficou estranho.

Que esta medida não comprometa a tão necessária retomada presencial, em especial na escola pública. Que seja monitorada e, havendo necessidade (torço para que não), haja o recuo. E que os sindicatos não adotem nenhuma medida precipitada, comprometendo ainda mais a educação já tão prejudicada das crianças durante a pandemia, em especial os mais pobres.

A palavra de ordem é monitorar e sem medidas radicais.

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