Os Emirados Árabes Unidos estiveram em evidência em Santa Catarina na última semana por conta da missão oficial do Governo do Estado. Além dos diversos encontros e possibilidades futuras de negócios, há algo a mais que a comitiva catarinense, liderada pelo governador Jorginho Mello, pode trazer na bagagem para inspirar o futuro econômico do Estado. É o que aponta o diretor do GT de Internacionalização da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), Lisandro Vieira, que participou da missão ao lado de outros empresários. 

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Lisandro, que possui negócios no país, relembra que a cidade de Dubai, por exemplo, era uma simples aldeia de pescadores há cerca de 60 anos. A descoberta do petróleo trouxe muitas divisas para o país, porém o que veio depois foi o segredo, conta Vieira. 

— Os árabes daqui souberam aproveitar a riqueza produzida a partir de uma matriz e diversificar os investimentos. Essa pulverização fez com que o país se tornasse um hub para diversos setores, como o financeiro, o comércio exterior e a tecnologia — diz.

Fotos que mostram as cores e a arquitetura de Dubai

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O trabalho de construção do país que o mundo conhece hoje começou pouco depois da descoberta do petróleo, ocorrida nos anos 1960, conta Lisandro:

 — Inicialmente, eles investiram pesado para tornar o país um bom lugar para se viver, mesmo com todas as adversidades que existem. Em seguida, fizeram  uma intensa propaganda para que as pessoas de todo o mundo conhecessem os Emirados Árabes e quisessem morar e investir aqui. E, usando os termos do marketing, dá para dizer que a taxa de conversão deles é muito boa — afirma.

Para Lisandro, que também é CEO da WTM International, uma empresa de Balneário Camboriú focada na importação e exportação de softwares e outros serviços tecnológicos, os árabes rapidamente se deram conta de que a exploração do petróleo era finita e portanto necessitariam investir em outros setores escaláveis, como é o caso dos serviços e da tecnologia. 

—  É um país sem indústrias, por exemplo, mas isso não faz diferença para eles, pois investem em outros segmentos com maior capacidade de crescimento em escala. Vou dar um exemplo: nós visitamos uma empresa que gerencia sozinha cerca 10% do comércio exterior global, prestando serviços de logística com alto emprego de tecnologia. E eles desenvolvem todas as soluções internamente — afirma.

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Lições para SC e o Brasil

Vieira ressalta que, em seu ponto de vista,  o Brasil e Santa Catarina já possuem o seu petróleo, que é o setor agroindustrial. O que falta é apostar pesadamente na diversificação da matriz econômica para que o país possa, enfim, dar o salto de desenvolvimento há tempo aguardado. 

—  Os árabes aprenderam isso rapidamente e hoje trabalham com setores escaláveis.  Eles entenderam a transformação digital pela qual o mundo está passando. O Brasil, por sua vez, segue atrelado a um sistema de lobbies de alguns setores que também estão olhando somente para si, desconsiderando a essencialidade que serviços e tecnologia têm para toda a economia de um país. Ainda há tempo para mudar —  opina.

Nesse sentido, o empresário faz uma ressalva de que Santa Catarina está um passo à frente em relação ao resto do país, pois compreendeu anteriormente a importância de setores como a tecnologia para o futuro. Segundo dados da ACATE, o setor tecnológico já é responsável por cerca de 6% do PIB catarinense, fatia consideravelmente maior que a média dos estados brasileiros, e deve chegar em alguns anos a 10%. 

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