Aqui em Santa Catarina é mais normal minimizar as críticas aos nossos políticos, sobretudo em comparação ao restante do país, quando exaltamos as suas qualidades administrativas e sobretudo políticas. Mas a pandemia tem, tristemente, quebrado esse discurso.

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A interinidade de Daniela Reinehr escancara o que tem prevalecido desde o ano passado, quando a Assembleia Legislativa (Alesc) abriu dois processos de impeachment em meio ao enfrentamento da pandemia: um total desrespeito e desconsideração de setores políticos para com a sociedade. Mesmo sabendo-se que a lei do impeachment não impede a abertura de processos em caso de pandemia. 

A disputa pelo poder está acima de tudo, inclusive da obrigação – que deveria ser a prioridade das prioridades – de enfrentar a pandemia e cuidar dos catarinenses. Ainda mais em um mandato interino, em que se exige serenidade, equilíbrio e a continuidade administrativa, sobretudo no momento em que vive o Brasil e o Estado. 

Em que pese não haver nenhuma ilegalidade, e sem desconsiderar as escolhas – em alguns casos reconhecidamente boas, como a deputada Carmem Zanotto -, só essa ânsia desmedida pelo poder explica as alterações no primeiro escalão em um governo ainda interino. Reinehr tem todo o direito e a legalidade para moldar o governo a seu gosto, mas seria mais razoável esperar o Tribunal de Julgamento para mudanças mais profundas. 

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Qual o motivo para as alterações na fazenda e infraestrutura, onde os titulares faziam bons trabalhos, reconhecidos pelos setores econômico, político e outros do Estado?

Nem mesmo a força da lealdade ao bolsonarismo sobreviveu, pois, se Moisés mostrou divergências com o presidente, a primeira nomeação de Daniela foi um antibolsonarista declarado e atuante nas redes sociais, para a Casa Civil do Estado. 

O que se vê é a movimentação de peças visando tão somente a ocupação de espaços importantes e a conquista do voto necessário à derrubada de vez do governador afastado, no julgamento do mérito do impeachment.

Independente do resultado final, se este movimento está servindo para alguma coisa, é tão somente para reforçar que as qualidades que fazem de Santa Catarina esse estado extraordinário, vêm da força e da capacidade de trabalho de seu povo, que supera os problemas frente à desarrazoada politicagem de seus representantes, cuja pandemia tem mostrado não serem melhores do que o restante do país.

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