Não adianta. O Brasil perdeu. O momento é de histeria e negação aos fatos. Mas que fatos? A realidade é negada pelos extremos da polarização que são movidos por paixões cegas, arrogantes, cínicas e preconceituosas.

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Estamos vivendo uma campanha eleitoral de uma baixaria jamais vista. Proposta que é bom nada. Detalhamento do que fazer com a bomba fiscal que está por vir, poucas palavras. E assim nós vamos.

Somos um país onde amizades foram desfeitas em nome de uma usina de destruição de reputações que domina o cérebro do receptor das mensagens com deturpações de fatos. Isso provoca a raiva, a vontade de destruir o adversário e de compartilhar a mensagem com os seus “comuns”. A bolha se alimenta disso.

O fenômeno não atinge apenas os iletrados, mas quem frequentou bons bancos escolares, universidades e toma vinho caro também. É uma lástima. Quando familiares precisam calcular o que falam na hora do almoço de domingo ou nos grupos de WhatsApp, quando grupos de amigos de esporte e do colégio só tem um assunto: memes e mensagens deturpadas que reforçam o ódio, a mentira e a descontextualização em imagens e montagens.

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A neurociência explica como as nossas crenças e valores interferem na interpretação dos fatos. Por mais que a figura A tenha pontos negativos e gravíssimos, se eu gosto e admiro a figura A, os pontos associados a ela serão sempre subvalorizados por mim. Já o que for associado aos valores que eu defendo, serão sempre superestimados. Neste sentido, fica muito difícil a tarefa da argumentação. Estamos num buraco que parece não ter mais fim.

O chamado “batom na cueca” é ilusão de ótica. O Brasil perdeu. A razão perdeu.

Lula

É preciso entender como pensa o eleitor de Lula. Para muitos, apoiar Lula, é mais do que defender a presença do Estado na vida das pessoas, é respeito à liturgia do cargo, das instituições, dos valores democráticos, dos sindicatos e servidores públicos e das políticas sociais voltadas ao público de baixa renda. É retirar do poder Jair Bolsonaro e tudo o que ele representa. Ignora-se, entretanto, mesmo com todas as condenações contra o ex-presidente terem sido anuladas, a corrupção marcada no governo do PT.

Caso vença a eleição, voltar como se nada tivesse ocorrido, é um tapa na cara da sociedade.

Bolsonaro

É preciso entender a cabeça do eleitor de Bolsonaro. Acusar todo o eleitor de Bolsonaro de fascista mostra o quão a rede social não representa a realidade e tampouco as ruas. Evidente que o extremismo, preconceito, discriminação e o não respeito às instâncias de um modelo de república democrática precisam ser repudiados.

Entretanto, o eleitor médio de Bolsonaro quer um país menos burocrático, com mais liberdade econômica e menos impostos. Generalizar e criminalizar o eleitor bolsonarista é um equívoco. O eleitor de Bolsonaro não quer a volta do PT, mesmo que não goste muito do atual presidente.

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