Essa histórica sexta-feira (24) termina com algo absolutamente simbólico dos tempos atuais: o confronto de narrativa. Pela manhã, o ex-ministro Sergio Moro denunciou interferência política do presidente Jair Bolsonaro para trocar o Diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Pela tarde, foi a vez do presidente ir para a ofensiva. Afirmou que Valeixo estava pedindo para sair desde janeiro porque “estava cansado”. A grande entrevista é de Valeixo. Somente ele para confirmar e dizer quem fala a verdade. Ou, ao menos, para declarar algo que favoreça o discurso de um dos dois envolvidos na polêmica.

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Bolsonaro afirma que o ex-ministro condicionou a saída do diretor da PF para em novembro, desde que o presidente indicasse Moro ao STF. Moro sempre negou esse acordo. Resta saber qual o impacto dessa crise no núcleo de apoio ideológico do presidente. Qual efeito terá e em que intensidade. O presidente perde apoio de parte de sua base de eleitores. Percebe-se, claramente, um movimento de migração de eleitores bolsonaristas declarando apoio ao ex-magistrado pelas redes sociais. Percepção empírica, sem fundamentação científica, evidente. Apenas observação pelas movimentações das redes sociais.

Bolsonaro se elegeu com o discurso anti-sistema, “pra mudar tudo isso aí”. Ganhou porque foi aquele que melhor representou o sentimento diametralmente oposto ao PT. Ao sinalizar reaproximação com o chamado centrão, evapora o discurso de que não há o toma lá, dá cá. Ao confrontar Moro e provocar sua demissão, entre o “mito” e o “herói da Lava Jato”, Bolsonaro sai menor.