Sai o Ministro da Justiça e entra o presidenciável Sérgio Moro. É inevitável. Mesmo que o herói da Lava Jato só venha a confirmar sua candidatura no limite do prazo em 2022, é o nome mais forte e cresce da forma como saiu do governo de Jair Bolsonaro. Sai com dignidade, com a imagem do inflexível diante da interferência política no comando da Polícia Federal.

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Sergio Moro sai melhor do Ministério da Justiça do que entrou, no início de 2019. Entrou no governo com o respaldo de ser o herói da Lava Jato. Foi enfraquecendo aos poucos. Começou com a retirada do COAF de sua pasta ministerial e por não ter conseguido implementar a integralidade das medidas contra a corrupção. Mesmo assim, ainda era a principal grife do Governo Federal, com popularidade maior do que a do próprio presidente. As denúncias ganham ar de verdade por partirem de alguém com credibilidade diante da imensa maioria da população. O ex-magistrado disse que o presidente Bolsonaro tenta fazer interferência política na PF, deseja ter informações de relatórios de inteligência da PF e se preocupa com os inquéritos no STF. Isso é muito grave.

— Esse não é o papel da Polícia Federal — afirmou Moro ao ressaltar que a instituição precisa ter autonomia.

E por estas ironias do destino, o maior algoz do PT e que colocou na prisão o ex-presidente Lula, acabou fazendo um reconhecimento público ao partido, mesmo sem citá-lo: ”Os governos anteriores garantiram autonomia para a Polícia Federal trabalhar”, afirmou. Sergio Moro assumiu com o compromisso de Bolsonaro de que teria “carta branca para trabalhar”. Não era verdade.

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É absolutamente lamentável que num momento histórico de uma pandemia mundial, com mortes e desemprego aumentando, o presidente Jair Bolsonaro tenha conseguido criar duas crises internas, com demissões de dois ministros importantes. Quando o foco deveria ser unicamente criar uma estratégia de saúde e de proteção da economia, o objetivo maior do presidente é outro. Se preservar no cargo e proteger a família de investigações.

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