Em dezembro de 2020, no retorno do primeiro afastamento, o desafio de Carlos Moisés era abrir o Governo para a sustentabilidade política, sem comprometer a gestão técnica, que teve bons resultados.

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Neste segundo retorno, o desafio continua, mas há um acréscimo relevante: o caso dos respiradores é muito mais grave, com forte impacto negativo ao governador, e, ainda, agravado pelos votos contrários dos cinco desembargadores. Mesmo reconhecendo que injusto seria condenar, em um processo jurídico-político, um governador absolvido em todas as investigações criminais e outras possíveis, é inegável o desgaste do resultado. Como bem disse a colega Dagmara Spautz, foi uma vitória de pirro.

Em termos de gestão e números, Moisés tem tudo para consolidar um bom governo e deixar um bom legado administrativo. No entanto, o desafio será hercúleo caso almeje a disputa nas eleições de 2022. Pelas circunstâncias políticas, não parece viável a aproximação com Bolsonaro. Por outro lado, a sua própria base de governo não significa apoio à reeleição. Só resta a Moisés construir o seu espaço político. Para isso, depende exclusivamente dos resultados de seu governo nos próximos doze meses, quando deve se clarear a disputa eleitoral.

Impossível não é, pois até opositores reconhecem o saneamento financeiro e administrativo do Estado e uma capacidade de investimentos que nunca teve, o que é mérito de Carlos Moisés. Mas o horizonte político de hoje não lhe é nada favorável. Para mudá-lo, o governador terá de mostrar uma habilidade que lhe faltou nos dois primeiros anos, para concretizar essa perspectiva de boa gestão e transformá-la em capital político.

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Um passo parece ter sido dado, pois, nesse segundo retorno, Moisés derrotou poderosos caciques, e, sua arma foi a política, aquela mesma que ele tanto negou para se eleger e menosprezou nos seus dois primeiros anos de governo. Os desafios, porém, tendem a aumentar, e muito, com a proximidade da eleição.

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