Ao liberar a capacidade máxima de ocupação da rede hoteleira e pousadas a partir do dia 21 de dezembro, o governador Carlos Moisés da Silva faz uma aposta alta. De um lado, atende o setor de turismo, dos mais prejudicados pela pandemia, que terá a oportunidade de tentar amenizar um pouco o enorme prejuízo que vem sofrendo desde março. E o réveillon é o filé mignon da temporada junto com o carnaval. A narrativa criada é a de que a medida é favorável ao controle da pandemia na medida em que estimula a hospedagem formal em detrimento dos aluguéis informais.

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>SC libera hotéis com capacidade máxima para a temporada de verão com Covid-19

Acredita-se que o ambiente de hotel e pousadas pode ser melhor controlado do que aqueles sem norma alguma.

A dúvida é se a medida irá atrair mais pessoas do que já viriam antes. Caso tenhamos apenas a migração de um ambiente de casas alugadas para os hotéis e pousadas, pode ser positivo. Nos estabelecimentos formais os protocolos existem. Resta saber se serão respeitados.

Se o anúncio do governo catarinense atrair mais turistas, de fato, vai na contramão daquilo que o mundo todo está fazendo para enfrentar o aumento de casos de covid-19.

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Os especialistas indicam para viés de alta da pandemia (mais casos, internações e óbitos) mais restrições para conter a propagação do vírus. Em suma, menos gente em circulação.

As autoridades de saúde em Santa Catarina apontam que a explosão de casos se deve, entre outras razões, pelas aglomerações em eventos privados e desrespeito às recomendações de uso da máscara e álcool gel e distanciamento social. O setor hoteleiro poderá usar esse desafio para mostrar à sociedade, via rastreabilidade, que não é foco significativo de contágio. Isso se os números comprovarem, claro. O caminho não é outra senão fazer valer as regras com rigidez. 

Caso a medida anunciada represente aumento de casos, mais internações, mortes e, também, colapso no sistema hospitalar, Moisés pode pagar um preço muito caro.

Efeito Prático

O setor hoteleiro talvez tenha a única oportunidade dos últimos dez meses de mitigar os efeitos da crise. Após a virada do ano há o mês de janeiro, sempre o mais forte para o segmento. A medida anunciada é arriscada pois uma explosão de casos pode impactar fortemente na imagem do Estado. O turista olha Santa Catarina no vermelho no Jornal Nacional e pode perder a confiança como destino de seu passeio.

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Economia x Pandemia

A situação é complexa e não existe fórmula pronta. O que se tem feito mundo afora é uma política de redução de danos. Uma espécie de estica e solta de acordo com a condição epidemiológica. Nas últimas duas semanas houve muitos cancelamentos de reservas em Balneário Camboriú (BC) e Florianópolis. O secretário de turismo em BC Valdir Walendowsky disse à Rádio CBN Diário que no mesmo período do ano passado estava com 100% de reserva e, agora, 40%. O superintendente de turismo em Florianópolis Fábio Queiroz também informa que muitos turistas cancelaram suas reservas nos últimos 15 dias.

O episódio deixa claro que não se resolve o problema econômico sem resolver a pandemia.

Acompanhe a entrevista com o secretário de turismo de Balneário Camboriú Valdir Walendowsky: