A decisão do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) de reduzir o período de semeadura da soja de 140 para 100 dias provocou forte reação do agronegócio e dos estados da região Sul. O prazo reduziu de 140 dias (governo Bolsonaro) para 100 dias (governo Lula) o calendário de semeadura de soja referente à safra 2023/2024.

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Segundo o engenheiro agrônomo Alexandre Mees, gestor do Departamento Estadual de Defesa Sanitária Vegetal na Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), em conversas com a coluna na terça-feira (8), trata-se de uma área de 57 mil hectares em Santa Catarina e o setor deixaria de produzir e arrecadar cerca de R$ 300 milhões com a safra da soja em 2024.

Segundo o Mapa, “o calendário de semeadura é adotado como medida fitossanitária complementar ao período de vazio sanitário, com objetivo de reduzir ao máximo possível o inóculo da ferrugem asiática da soja, considerada uma das mais severas doenças que incidem na cultura. A medida implementada no Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja (PNCFS) visa à racionalização do número de aplicações de fungicidas e a redução dos riscos de desenvolvimento de resistência do fungo Phakopsora pachyrhizi às moléculas químicas utilizadas no seu controle”.

A medida é uma recomendação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com o propósito de evitar epidemias severas da doença durante a safra.

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O Paraná já conseguiu ampliar o prazo da semeadura e Santa Catarina busca o mesmo caminho. O argumento técnico para convencer os técnicos do Mapa é a realização de um sistema forte de monitoramento. Informações de Brasília dão conta de que o Mapa deverá publicar, nos próximos dias, uma nova portaria mais branda.

A Ferrugem Asiática é considerada uma das doenças mais severas que incidem na cultura da soja. O período da semeadura em Santa Catarina ficou definido de 21 de setembro a 29 de dezembro de 2023.

Em conversas com a coluna, José Fritsch, coordenador-geral do Desenvolvimento Agrário de Santa Catarina, defendeu a medida sanitária. Ele aponta que a restrição evita com que o fungo fique mais resistente, reduz a necessidade de defensivos agrícolas e representará mais produtividade nas próximas safras. Fritsch defende a migração para um modelo com redução ou eliminação de agrotóxicos e aumento de biofertilizantes.

A coluna conversou com o secretário da Agricultura de SC, Valdir Colatto. O catarinense considera a atual portaria ruim “porque elimina a safrinha” e não permite ao agricultor produzir milho, cebola e batata, por exemplo, quando “plantaria em agosto para colher em janeiro”.

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— Se plantar, fica sem financiamento, seguro, pois fica fora do mapa climático. Além de tirar renda do trabalhador, alegando o vazio sanitário, tem a questão de que Santa Catarina tem a geada, que mata a soja e, consequentemente, também o fungo — afirma.

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