A justiça de Santa Catarina suspendeu os efeitos da lei estadual já sancionada pelo governador Carlos Moisés da Silva que garante ao motorista o pagamento de pedágio com cartão de crédito de qualquer bandeira. A decisão é da desembargadora Denise Volpato e foi proferida na última sexta-feira (20). Segundo ela, “há inconstitucionalidade formal por vício de iniciativa”.
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A magistrada ponderou que é possível norma estadual mesmo em concessões federais, ficando no âmbito de proteção ao consumidor.
Entretanto, cita a necessidade de “diferenciar se a norma interfere em aspecto primordial do contrato, como o modo de prestação do serviço, indicadores de qualidade, e preço, ou unicamente protege o consumidor de práticas comerciais de todo alheias ao núcleo central do contrato de concessão(…)o pagamento mediante cartão de crédito não se opera sem a aplicação de investimento em tecnologia – por menor que possa ser em comparação aos demais custos do negócio -, treinamento de funcionários, e principalmente mediante remuneração de intermediadoras do pagamento (gateways, adquirente, subadquirente). Sob o prisma financeiro, ainda, convém destacar que o pagamento mediante cartão igualmente importa em alteração do fluxo de caixa, na medida que o recebimento pelo fornecedor do serviço não é instantâneo”.
>Lei federal deve garantir pagamento de pedágio no cartão
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Ela aponta, ainda, que o pagamento mediante cartão de crédito tem o potencial de representar complicador ao fluxo de veículos nas praças de pedágio das rodovias federais.
Afirma a desembargadora que aceitar todas as bandeiras de cartão ultrapassa o limiar da razoabilidade e que há potencial de provocar “concretos efeitos nefastos à paz social (…) tem o condão de provocar filas e, possivelmente, comoção dos demais usuários (seja para com o cidadão que pretende se valer de determinado meio de pagamento ou contra a concessionária de serviço público), em afronta à própria segurança das pessoas e adequação do serviço”
O governador Carlos Moisés e a Alesc têm 30 dias para prestarem informações.
O curioso é que a CCR Via Costeira, detentora da concessão do trecho sul da BR-101 já estava aceitando os cartões. Já a Arteris, que opera no trecho norte, foi à justiça e não estava aceitando o pagamento em crédito ou débito.
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